O gaúcho Karue Sell, número X do Brasil e 270º do mundo, participou do podcast Saque e Resenha e comentou um pouco sobre sua vida como tenista e YouTuber e deu um pouco de sua visão do circuito atual e dos potenciais de Thiago Wild e João Fonseca.
Karue revelou na conversa eu 2025 é um ano decisivo em sua carreira: "Ano que vem é o ano que eu tenho que defender (pontos) e quero subir e chegar ao top 200. É o ideal pelo menos, porque eu quero jogar os Grand Slams, quali pelo menos. E dali, top 200, a gente não sabe", considerou ele pontuando que há pouca diferença de nível entre um top 180 e um top 70: "As vezes, o top 70 jogou melhor em duas semanas".
Ao analisar a diferença entre os jogadores sul-americanos e americanos, Sell pontua que na América do Sul os atletas são ensinados a jogar com tempo de bola, enquanto nos Estados Unidos o foco é no saque e em definir rápido os pontos. Nesse momento, é que alguns jogadores sul-americanos têm dificuldades de superar o nível Challenger na visão do gaúcho: "Você vai jogar Challenger e ATP e os caras tomam o teu tempo e esse é o maior problema do sul-americano para ter essa transição", apontou.
"O Fonseca é isso. Ele é um cara que tem uma direita (forehand) que é top 20 do mundo, ele mete a mão na bola e vai conseguir fazer isso em qualquer superfície e quadra. Ele é um jogador que já saca melhor, é mais agressivo", opinou ele destacando também o paranaense Thiago Wild.
"Eu sempre achei que o Thiago Wild tem esse potencial de jogar mais 'down hill' (agressivo). Talvez ele tenha que controlar um pouco, porque ele vai muito para a bola e tem esse jogo também um pouco mais moderno", pontuou.
Tênis é uma carreira que pouco compensa
Comentando a forma como o tênis é publicitado pelas associações e a mídia especializada, a experiência como criador de conteúdo lhe dá uma visão crítica: "O jogo é vendido muito mal. As vezes eu me pergunto: 'Eu sou 250 do mundo, por que toda essa gente está interessada? Quem liga?' tipo numa síndrome de impostor, pois tem tanto jogador bom", confessou o tenista brasileiro destacando que preza pela máxima sinceridade possível de suas sensações sobre o jogo, sua performances, ânimo e vê nisso a forma como se conectou com o público.
"Se os Grand Slams e a ATP não criarem essa conexão dos jogadores, o esporte vai ser sempre meio...(cara de desaprovação) e vai ser top 10, top cinco e pronto, ninguém mais vende", seguiu ele.
Karue Sell contou ainda que ele gosta muito de jogar tênis, mas não gosta de ser profissional. Fato em que sempre comenta com seus seguidores. O brasileiro cita o americano Marcos Giron, um dos seus melhores amigos, mora perto dele e está entre os 50 melhores do mundo: "O cara nunca está em casa. São cinco, seis semanas fora de casa direto, vivendo na mala. Eu viajei com ele - claro viajei com a Naomi - mas estamos falando do circuito masculino e assim, não é muito diferente dos Challengers e Futures, são os mesmos problemas. A carreira em si não é uma carreira tão boa", seguiu ele contando que joga pelo desafio pessoal e de um dia poder disputar um Grand Slam.
Confira o episódio na íntegra:
Crédito: João Pires/Fotojump