Por Gustavo Loio - Após oito anos como Lead Coach na USTA, período em que a entidade revelou três líderes do ranking mundial infanto-juvenil, o conceituado técnico Leo Azevedo conhece como poucos o mundo do tênis.
Além de seu reconhecido trabalho na base, já treinou alguns ex-top 100. Entre eles, Flávio Saretta, Thomaz Bellucci e os americanos Taylor Dent e Donald Young. Atualmente trabalhando como Head Coach no Centro da Federação Britânica, na Escócia, o brasileiro concedeu uma entrevista exclusiva ao Tênis News que cedeu o espaço para o blog Top Spin após 11 anos no jornal O GLOBO. Confira:
Como está o seu trabalho na Escócia e qual o seu maior desafio aí?
- Estou gostando, o projeto é ter um Centro da Federação Britânica (LTA) na Escócia, é a primeira vez que isso acontece. O Centro é para jogadores britânicos, não somente escoceses (temos sete ingleses e um escocês). Como todo trabalho em um país novo, o maior desafio é cultural, entender a cultura do país, e fazer as mudanças de cultura/filosofia necessárias para a obtenção de resultados no futuro.
Como foi a clínica no Monte Líbano, aqui no Rio, em dezembro?
- Sempre é bom estar no Rio (adoro a cidade) e participar de eventos com o Juan Etchecoin, que, além de um ótimo treinador, é um amigo que o tênis me deu.
Aqui no Rio, é obrigatório concluir curso de educação física para dar aulas de tênis. Como é essa questão aí na Europa? Na sua opinião, o diploma é fundamental? Por que?
- Ponto de discussão interessante, sou totalmente a favor do estudo, da leitura e do crescimento pessoal. Ao mesmo tempo, não acho que seja necessário um diploma de Educação Física para outorgar a alguém a capacidade de ministrar aulas de tênis. Na maioria dos países eu que eu estive ou conheço, não é necessário. É importante, sim, ter um sistema de capacitação, através de cursos (horas) em que o professor/treinador ganha créditos necessários para o ensino. Se o professor tiver um diploma de Educação Física, é um plus.
Em Barcelona você trabalhou com dois dos melhores nomes da Next Gen brasileira, Felipe Meligeni e Orlando Luz? Qual a importância desse trabalho em sua trajetória? Na sua opinião, até onde eles podem chegar na carreira?
- Adorei trabalhar com os dois, foi na minha volta à Espanha, e gosto deste período de transição que eles estavam. Fico feliz de tê-los ajudado a ter uma transição rápida, ver que voltaram a ser competitivos e ajudá-los como profissionais. Tenho orgulho de fazer parte da história tenística dos dois. Acho que ambos têm potencial de top 100.
Qual o maior motivo de orgulho dos oito anos em que você esteve na USTA? Da Next Gen americana, no masculino, você vê alguém com potencial de chegar ao top 10? E, no feminino, alguém que possa chegar à liderança?
- É o trabalho que eu tenho mais orgulho na minha vida de treinador.Quando o Higueras e o Patrick McEnroe me convidaram, era para uma mudança de cultura e filosofia, o tênis americano não estava bem e revelando poucos jogadores. com a liderança dos 2 e a ajuda de treinadores com a filosofia deles, os EUA deram uma volta incrivel, e hoje é o pais que mais revela jogadores no mundo .
Tenho particular orgulho de ter dirigido o Centro na Califórnia, um Centro menor, mas que ajudou na formação de 3 atletas que seriam número 1 do mundo júnior: Cici Bellis, Claire Liu e Kayla Day. Os que não viraram profissionais, estão em destaque no tênis universitário jogando em universidades top.
Além disso, criamos um ambiente único, eramos uma grande família ali.
Também tenho que destacar ter trabalhado 8 anos diretamente com o Jose Higueras e 3 anos com o Ivan Lendl, profissionais diferenciados, e ter a chance de ter os 2 como amigos.
Na Flórida trabalhei o Sebastian Korda, que também chegou a número 1 do mundo júnior e nos primeiros passos da Amanda Anisimova, quando ela tinha 8/9 anos.
Acho que Cori Gauff e Amanda Anisimova são as maiores apostas no feminino. No masculino, acho que o Reilly Opelka pode vir a ser top 10.
Qual sua opinião sobre a ATP Cup? Você acredita ser uma fórmula de sucesso ou ainda está cedo para afirmar?
Acho cedo para afirmar, não se pode comparar com a Davis, mas gosto do formato, e é bom para os espectadores.
Qual a importância da leitura no seu dia a dia e qual (ou quais) livro(s) você está lendo no momento?
Adoro ler, no meu dia a dia é vital. Um momento de paz , reflexão e de silêncio. O livro nos tira um pouco da loucura atual, de mídias sociais, barulho, etc...
Estou lendo alguns:
"O Primeiro Amor" - de Ivan Turgueniev
"Guardar" - de Antonio Candido, é de poesia.
"Growing Up With The Impressionists" - de Julie Manet.
Sobre Gustavo Loio:
Jornalista formado em 1999 e pós-graduado em Assessoria de Comunicação, já trabalhou com Gustavo Kuerten. E, também, nas redações da Infoglobo (O Globo, Extra e Época), do Diário Lance! e do Jornal O Dia, além do site oficial do Pan de 2007, no Rio.