Por Leandro Afini - A ITF (Federação Internacional de Tênis) anunciou essa semana mudanças que alterarão muito a estrutura que hoje conhecemos, do tênis profissional e júnior, masculino e feminino.
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Essas mudanças passam por novas regras e estruturas de rankings profissionais, torneios e estrutura geral para atletas que queiram seguir a carreira profissional.
Nesse artigo, primeiro resumirei as principais mudanças para depois analisar e opinar sobre elas.
Porque a ITF está mudando as regras
Segundo estudos da Federação Internacional de Tênis, alguns pontos vinham chamando a atenção da entidade e deveriam ser melhor trabalhados, por exemplo:
Em um universo de 14.000 jogadores (masculino e feminino) que hoje competem profissionalmente, apenas 350 (homens) e 250 (mulheres), conseguem se sustentar financeiramente por meio do esporte (nesse estudo, não foram considerados os custos com treinamento);
Com o decorrer dos anos, a transição do JR para o Top 100 PRO está cada vez mais longa, e consequentemente, mais cara;
Altos custos de organização de torneios, limitando o número de países que podem organizar eventos;
Má distribuição geográfica de eventos e jogadores.
Segundo a ITF, as mudanças proporcionarão um caminho mais eficiente, que ligará o Tour Jr ao Tour Profissional, além de assegurar, no nível profissional, uma premiação financeira que permita que mais jogadores se sustentem com o esporte.
Quais são as principais mudanças
1.TRANSITION TOUR
Os torneios do Transition Tour (Tour de Transição) serão criados com o reposicionamento dos atuais torneios ITF com premiação de U$ 15.000. Esses torneios, oferecerão pontos denominados “ITF Entry Points”, ao invés de pontos ATP/WTA.
Esses “ITF Entry Points” serão utilizados para elaboração do ranking de transição e também para a entrada nos torneios profissionais ITF com premiação U$ 25.000, que serão os primeiros torneios a contar pontos ATP/WTA.
Assim, a nova estrutura de pontos será:
15.000 / 15.000+H – ITF Entry Points
25.000 / 25.000+H - ITF Entry Points
ATP/WTA - a partir da semi nos 25.000+H e final nos 25.000
Challengers - ITF Entry Points – última do quali e qualifiers
ATP/WTA – mesmo modelo atual
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO TRANSITION TOUR
Vagas reservadas para jogadores do circuito mundial júnior com ranking abaixo de 100;
Torneios com premiação de U$ 15.000;
Custos de Organização mais baixos, com torneios de 7 dias ao invés dos 9 dias atuais;
Fim da necessidade de “giras”de 3 torneios seguidos em um mesmo país;
Vagas reservadas nos torneios profissionais de U$ 25.000 para jogadores com bom ranking no Transition Tour
2.PLAY DOWN RULES
As regras de “play down”são as que definem quais torneios os melhores ranqueados podem participar. No modelo atual, as top 10 no feminino e os top 150 no masculino, são proibidos de jogar eventos com premiação de U$ 15.000.
Nesse novo modelo, a ITF, ATP e a WTA criarão regras mais rígidas para impedir que jogadores com rankings superiores participem desses eventos, agora considerados de transição.
3.RANKING 2019
O novo modelo de ranking será implementado no fim desse ano e, todos os pontos que o jogador ganhar durante o ano de 2018 em torneios, U$ 15.000 / 15.000+H, rodadas iniciais de torneios U$ 25.000 / 25.000+H e qualis de challengers serão convertidos em ITF Entry Points em 2019.
Durante 2018, a ITF, ATP e WTA divulgarão projeções para que todos os jogadores possam ver seu ranking PRO e ranking ITF Entry, já levando em consideração as regras para 2019.
Vale lembrar que, nesse novo modelo, o Ranking Profissional ATP/WTA terá um máximo de 750 jogadores no masculino e 750 jogadoras no feminino.
Análise
Principais atrativos do Transition Tour (alguns tirados dos materiais divulgados pela ITF e alguns pessoais):
Fortalecimento do Circuito Mundial Juvenil;
Atrair novos talentos para o tênis profissional;
Reter os melhores jogadores juvenis e fazer com que esses ingressem mais rapidamente no circuito profissional;
Através de um menor custo de organização e um maior número de torneios ao redor do mundo, aumentam as oportunidades para atletas que estão na fase de transição juvenil / profissional, e que não têm condições financeiras de viajar durante todo o ano;
A criação de uma quantidade pré-definida de atletas profissionais masculinos e femininos (750), possibilita que esses tenham maiores condições de viver profissionalmente do esporte, através dos retornos financeiros dos torneios e também de uma maior exposição.
Opinião
Para atletas Juvenis:
Sem dúvida nenhuma, essas mudanças alteram completamente a estrutura do tênis de alto rendimento, mas, principalmente, a maneira do gerenciamento da carreira dos atletas infanto juvenis.
Os torneios ITF Jr, que já eram de extrema importância no desenvolvimento do atleta, agora passam a ser essenciais para uma rápida transição júnior / profissional. A importância que antes era somente técnica, passa a ser estrutural e até financeira, com a possibilidade de um jogador juvenil conseguir se profissionalizar com mais rapidez.
Participar de eventos do circuito mundial juvenil, cuja importância era uma dúvida para alguns técnicos e jogadores, agora fará parte da carreira daqueles que realmente têm o sonho de se profissionalizar e conseguir viver do tênis.
Para atletas adultos
Para os atletas que não tiveram uma carreira juvenil de sucesso ou que já saíram do juvenil há algum tempo, também haverá benefícios, com um número maior de torneios perto de seus locais de treinamento. Acredito que isso ajudará muito os atletas sul-americanos, pois, nessa fase de transição, com um maior número de torneios perto de casa, elimina-se a necessidade de longas giras na Europa ou EUA e com isso, o custo será bem menor durante esse processo.
Para atletas profissionais
Por fim, com um número reduzido de atletas, a tendência é que ocorra uma melhor distribuição financeira entre os 750 ranqueados e com isso, um maior número de atletas possa se sustentar e viver dos rendimentos do tênis profissional
Para organizadores
Com a redução de 9 para 7 dias de duração, os custos dos torneios serão reduzidos. Haverá também uma redução com custos de arbitragem, mas os materiais divulgados ainda não explicam muito bem como seria isso.
Apesar disso, acho que para nossa realidade, não só no Brasil, mas em toda a América do Sul, essa redução de custos poderia ser ainda mais significativa, se houvesse uma redução ou até a eliminação da premiação de U$ 15.000. Dessa maneira, a redução nos custos seria muito mais significativa e apoiaria a ideia de ampliação do número de torneios nas áreas com menor investimento no tênis.
Sobre Leandro Afini
Leandro Afini é coordenador da Afini Tennis, equipe de alto rendimento voltada a jogadores juvenis e profissionais, conta com o apoio da Associação Esportiva São José e apoio da Lei de Incentivo ao Esporte da Prefeitura de São José dos Campos (SP), que atende os atletas da equipe, além do patrocínio da HEAD. A equipe possui oito anos de existência e trabalha com mais de 30 atletas, e conta com a estrutura de onze quadras de saibro, além de uma equipe técnica de dez profissionais, entre treinadores de quadra, psicólogo, fisioterapeuta, yoga e agenciamento/gerenciamento da carreira dos atletas que integram a equipe.
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