Djokovic surpreende ao alegar que os melhores não recebem o suficiente

Novak Djokovic surpreendeu os oficiais da ATP nesta sexta-feira ao pedir que eles se retirassem da reunião anual do conselho de jogadores no Australian Open para, em seguida, dirigir-se aos colegas presentes com uma proposta inusitada, conforme informa o DailyMail.

Na última sexta-feira, os dirigentes do circuito precisaram deixar a sala de conferências, onde ocorria a reunião anual do conselho de jogadores da ATP, diante da insistência de Djokovic que, em seguida, dirigiu-se aos tenistas presentes — dentre eles Roger Federer, Andy Murray e Rafael Nadal — alegando que eles deveriam exigir maiores premiações nos torneios.

De acordo com testemunhas, houve um choque geral quando Djokovic fez um longo discurso no qual ele convidou seus colegas de circuito a formar sua própria união para tentar lutar por níveis mais altos de premiação nos torneios, incluindo Wimbledon.

O sérvio — que já ganhou mais US$ 110 milhões (R$ 320 milhões) em sua carreira e vive no principado de Mônaco, país livre de taxas — acredita que os tenistas não estão sendo pagos o suficiente, se comparados a outras estrelas do esporte mundial.

Os jogadores foram informados anteriormente ao ocorrido sobre os planos de, praticamente, dobrar a receita geral do torneio de Melbourne, saindo dos presentes Aus$ 55 milhões (R$ 139 milhões) para Aus$ 100 milhões (R$ 253 milhões) nos próximos cinco ou seis anos.

Ainda de acordo com o DailyMail, Djokovic convocou ao palco da conferência, na qual estavam presentes em torno de 150 tenistas, para explicar as particularidades técnicas da criação de uma união que representasse os interesses dos jogadores. “As pessoas ficaram chocadas”, comentou um jogador presente no encontro. “Alguns sabiam desses planos, mas a maioria não”.

Também não é sabido, no entanto, se Murray, que ainda está em Melbourne se recuperando de uma cirurgia no quadril, estava ciente dos planos do sérvio, embora ambos sejam membros do conselho dos jogadores da ATP.

Dentre os que teriam apoiado a movimentação do sérvio, estão o francês Gilles Simon e o alemão Alexander Zverev. Nem todos os maiores tenistas do mundo, incluindo Roger Federer, estariam de acordo com a movimentação.

Qualquer movimentação dos jogadores certamente chamará a atenção dos poderes que regem o esporte, especialmente numa época em que o público e as premiações já quebram recordes constantemente.

Em outras ocasiões já houveram movimentações parecidas, como em 2012, quando a ameaça de um boicote pairou sobre os Grand Slams, o que foi respondido por Wimbledon com um aumento de 40% em sua receita geral.

Outro ponto que chama atenção, são alguns jogadores que, separadamente, acreditam que as lutas pela igualdade de premiação entre homens e mulheres está atrapalhando suas tentativas de elevar a premiação recebida pelos homens.

Mas uma coisa é do consenso geral: enquanto os tenistas recebem menos dinheiro que seus equivalentes no golf, com quem são constantemente comparados por exemplo, eles podem ter muita dificuldade em convencer o grande público que recebem pouco dinheiro de premiação.