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Atualização do Código Anti-Doping para 2017

Terça, 04 de outubro 2016 às 18:44:03 AMT

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Tênis Profissional

Por Dr. Gilbert Bang - Como ocorre todos os anos, a Agência Mundial Antidoping (WADA) revisa e atualiza a lista de substâncias e métodos proibidos durante e fora das competições esportivas. A nova lista entra em vigor no dia 1º de janeiro de 2017 e foi aprovada pelo seu Comitê Executivo em 21 de setembro de 2016.



Dentro e fora das competições

 

Agentes anabólicos: a lista traz diversos nomes químicos dificultando a pesquisa pelos leigos. Deve-se ficar atento não somente à lista, pois há substâncias não explicitadas que podem levar à formação de esteroides anabólicos ou substâncias derivadas. Por exemplo, o 19-norandrostenediol, que foi incluído na classe S1b, é precursor da nandrolona, um esteroide mais conhecido.

O Delta-2 aparece na nova lista por ser meteabólito da DHEA, precursora da testosterona.

 

Novas substâncias são listadas por sua característica de favorecer o crescimento celular. Inibidores-GATA e inibidores da proteína TGF-β facilitariam o crescimento de células como, por exemplo, glóbulos vermelhos (efeito semelhante à eritropoietina – EPO) como também ocorre com o Roxadustat, Molidustat.

 

Agonista β2: referem-se basicamente a substâncias que atuam no sistema respiratório (brônquios). Lista-se, nessa atualização, a higenamine ou hegenamine que é encontrada em plantas e está presente em suplementos “queimadores de gordura” (fat burners). Assim, deve-se atentar que nem tudo que é natural é inócuo no meio do doping. O controle de dose usada de broncodilatadores continua vigente (salmeterol e salbutamol). São exemplos de medicações em nosso meio: Seretide, Serevent, Aerolin.

 

Arimistane: aparece na classe S4 (Hormônios e Moduladores Metabólicos) por seu efeito sobre o metabolismo de estrógeno, cortisol e testosterona. São exemplos do que se vende por aqui: Revolution PCT, Cycle Reset ou mesmo como Arimistane.

 

Oxigênio: modificou-se o texto da classe M1.2 a fim de deixar claro que o uso de oxigênio inalatório não é proibido.

 

Durante as competições

 

Estimulantes (S6): inclusão da Lisdexamfetamine, que é usada no tratamento do TDHA (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) ou compulsão alimentar e faz parte da classe das anfetaminas. O conhecido “Jack3D” continua proibido e a lista de sinônimos químicos foi atualizada. Assim, esse suplemento pode ser identificado como, por exemplo, “4-methylhexan-2-amine” ou “1,3-dimethylamylamine” dentre outros.

 

Narcóticos: A Nicomorphin aparece na lista por ser precursor de morfina, um potente analgésico opioide.

 

Programa de Monitoramento

 

Além das alterações que entram em vigor em 2017, outras substâncias e métodos são monitorados ao longo do ano. Conforme a análise temporal, podem ser considerados doping em futuras atualizações do Código Mundial Antidoping.

 

Estimulantes (apenas em competição): bupropriona (antidepressivo), cafeína, nicotina, fenilefrina (descongestionante nasal), fenilpropanolamina (antigripal – proibido no Brasil pela ANVISA desde o ano 2000), pipradrol (estimulante proibido em muitos países), sinefrina (estimulante encontrado em suplementos como Oxyelite, Lipo 6, também relacionado ao citrus aurantium, da laranja).

 

Narcóticos (apenas em competição): codeína, tramadol, mitragynine. São medicações analgésicas como Tramal, Tramadol, Codein, Paco, Codaten etc.

 

Corticoides: pelo seu elevado por antiinflamatório e analgésico continuam monitorados conforme a via de administração (oral, injetável, retal).

 

Telmisartana: Anti-hipertensivo vendido no Brasil com o nome de Micardis. Seu monitoramento se deve a efeitos semelhantes ao Meldonium, que motivou o afastamento de Sharapova. O uso dessa substância pode estar relacionado a melhora da performance esportiva por melhora da circulação sanguínea.

 

β2 agonistas: as medicações que atuam no sistema respiratório continuam monitoradas, pois além de melhorar a ventilação, tem efeito cardíaco (aumento da frequência e melhor/maior circulação sanguínea).

 

Sobre Gilbert Bang

Gilbert Bang é médico fisiatra, mestre em Ortopedia e Traumatologia, médico do Centro de Reabilitação do Hospital Albert Einstein (SP), membro da Society for Tennis Medicine and Science (STMS).

Fale com o Bang: gilbertbang@hotmail.com

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