Por Pedro Melo - O tênis brasileiro busca um feito que não acontece há 36 anos em Olimpíada: ganhar uma partida na chave feminina em simples. A única que conseguiu até hoje foi a paranaense Gisele Miró, em Seul-1988. Em Paris, as esperanças de escrever são Bia Haddad Maia e Laura Pigossi. Fotos: Arquivo pessoal.
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Quase quatro décadas atrás, Gisele Miró, então número 137 do mundo, venceu na estreia da Olimpíada a canadense Helen Kelesi, 22º do ranking na época, por duplo 7/5. A participação da curitibana terminou na segunda rodada para a búlgara Katerina Maleeva, top 10 em 1988, por 7/5 e 6/1.
“Disputar uma Olimpíada sempre foi meu sonho. Quando dei minhas primeiras entrevistas aos 12 anos, eu falava que queria chegar em Wimbledon e jogar as Olimpíadas. Talvez pudesse sonhar mais alto e chegado mais longe, mas vendo a dificuldade até hoje, é algo bastante difícil de se conquistar”, destacou a ex-tenista, em entrevista ao Tênis News.
O Brasil terá cinco tenistas na Olimpíada, sendo três no feminino - Laura Pigossi, em simples, Luisa Stefani, em duplas, e Bia Haddad Maia, nas duas chaves.
A expectativa maior é para uma boa campanha de Bia Haddad Maia, ex-top 10 e hoje 22ª do ranking da WTA. Para Miró, a brasileira pode sonhar não apenas em ganhar uma partida, mas com o pódio em Paris.
“Temos uma equipe forte para as Olimpíadas, uma das mais fortes que a gente teve. A Bia tem muita chance de não só passar a primeira rodada, mas de sonhar com uma medalha. Temos condições de ir muito bem. O tênis feminino conquistou na Olimpíada passada a medalha nas duplas. E agora a expectativa é grande”, comentou a paranaense.
Campanha de Gisele Miró teve ausência de técnico e treino com Goran Ivanisevic
O caminho para fazer história na Olimpíada de Seul não foi fácil para Gisele Miró. Sem o técnico na Coreia do Sul, a paranaense era treinada por Paulo Cleto, treinador de Luiz Mattar e capitão do Brasil na ocasião.
Só que Cleto esqueceu do treino da brasileira. E quem a salvou foi simplesmente Goran Ivanisevic, que anos depois se tornou número 1 do mundo e conquistou o título de Wimbledon.
“Uma participação bem difícil por não ter podido levar meu técnico. Uma competição que é o sonho de todo o técnico, mas cheguei lá e tive que contar com o técnico do Luiz Mattar para me ajudar. Um treino antes do meu jogo, ele esqueceu do meu treino. E tive que treinar com o Ivanisevic. Foi uma honra muito grande bater bola com ele, não era ainda número um do mundo e nem sonhava em ganhar Wimbledon. Ele me viu nas quadras meio perdida porque o meu técnico olímpico esqueceu de treinar comigo. Passagens que guardamos para sempre. Foi bem legal da parte dele, já tinha treinado e bateu uma bola comigo. Coisas que são gostosas de lembrar, alguns perrengues e dificuldades. Imagina chegar em uma Olimpíada sem técnico”, relembrou.