Por Gustavo Loio - O tênis nos passa muitas lições. Uma delas é a de sempre estarmos prontos para os recomeços. A inédita conquista de Coco Gauff no US Open é um belo exemplo disso.
Afinal no último dia 9, ao superar a favorita bielorrussa Aryna Sabalenka, de virada, a americana mostrou um grande poder de reação. Afinal, foi facilmente derrotada no primeiro set (6/2), mas, depois, marcou 6/3 e 6/2.
Embaixadora da Rolex, Gauff se junta a nomes como Rod Laver, Chris Evert, Stefan Edberg, Pat Rafter, Justine Henin, Roger Federer, Juan Martín del Potro, Angelique Kerber, Sloane Stephens, Bianca Andreescu, Dominic Thiem, Iga Świątek e Carlos Alcaraz. Todos esses são embaixadores da marca suíça de relógios e foram campeões de simples em Nova York.
Aos 19 anos, esse prodígio americano chamado Coco Gauff se tornou a mais jovem, desde 1999, a triunfar em Nova York. A última havia sido ninguém menos que Serena Williams, sua compatriota e uma de suas maiores inspirações no início da carreira.
Aliás, foi contra a irmã mais velha de Serena, a pentacampeã Venus, que Gauff chamou a atenção pela primeira vez no circuito profissional. Na época, com apenas 15 anos, tornando-se a mais jovem da história do centenário torneio, ela furou o quali de Wimbledon e desbancou a favorita na estreia, em 2019.
Um ano antes, em Roland Garros, Gauff, com apenas 14, se tornou a mais jovem campeã juvenil do torneio.
Em 2022, esse prodígio do tênis americano chegou, sem perder sets, à primeira final de Grand Slam, aos 18 anos! Incrível, fato raríssimo. O título lhe escapou diante da polonesa Iga Iswiatek.
Neste ano, Gauff não defendeu a final em Paris, caindo nas quartas. Em Wimbledon, a derrota, para a compatriota Sofia Kenin, foi, surpreendentemente, na estreia.
A nova campeã do US Open admitiu a frustração com as duas derrotas acima. E seu recomeço veio em Nova York.
Apesar de sua pouca idade, Gauff também impressiona pela maturidade.
Desde ainda mais nova, a americana mostrava que sabia (e continua sabendo) lidar com a enorme pressão:
- Algumas pessoas me colocam bastante pressão para vencer. Queriam que eu, aos 15, ganhasse Grand Slam - disse, certa vez.
Recentemente, a jovem americana revelou sofrer algumas vezes, a Síndrome do Impostor, quando a pessoa não acha ser merecedora de suas conquistas.
- Síndrome do Impostor é algo muito sério, às vezes sinto isso. Mas estou trabalhando para entender que estou aqui por uma razão, que meu ranking é por uma razão, e eu, realmente, o mereço - conta a número 3 do mundo.
A maturidade da jovem campeã ficou ainda mais nítida no trecho abaixo, durante a coletiva após o novo troféu:
- Penso que é sobre colocar minha vida numa perspectiva. Percebi de uma maneira o que é pressão, mas não é. Há pessoas que se sacrificam para levar comida para suas famílias, que não sabem o que terão pra comer e nem de onde a comida virá.
Mais uma lição da campeã Gauff.
Sobre Gustavo Loio
Jornalista formado em 1999 e pós-graduado em Assessoria de Comunicação, já trabalhou com Gustavo Kuerten. E, também, nas redações da Infoglobo (O Globo, Extra e Época), do Diário Lance! e do Jornal O Dia, além do site oficial do Pan de 2007, no Rio.