Marcos Daniel sobre opção de Meligeni na Davis: 'Destoando nas devoluções'

Em um bate-papo com o podcast Match-point do Globoesporte.com, Marcos Daniel, auxiliar de Jaime Oncins no time do Brasil da Copa Davis, deu mais detalhes sobre a opção de Felipe Meligeni nas duplas ao lado de Bruno Soares.

A escalação gerou surpresa já que Bruno e Marcelo Melo formavam uma parceria longa e de sucesso para o tênis brasileiro. Segundo o gaúcho, a observação nos treinos com a devolução de Felipe foram pontos cruciais para a escolha.

"Eu e Jaime conversamos, Jaime é o que dá a última palavra, mas sempre pensamos no bem do time. Felipe seria convocado para a dupla, mas também como opção para simples como nos auxiliou no Líbano , é um menino que sempre quando chamado vai bem. Nas duplas ele está mais preparado em todos os quesitos com dois títulos ATP. Quando ele foi convocado, que foi antes mesmo de ganhar em Santiago. Estamos falando de Bruno Soares e do Marcelo, os dois maiores duplistas que já tivemos. Quando eles vieram, o Jaime conversou com eles, falando 'olha, a dupla ainda está em aberto , vamos ter que treinar, como iremos nos treinos'. A opção 1 será sempre Bruno e Marcelo e todos eles toparam vir para treinar e ver. O treino iria mostrar algumas dúvidas que tínhamos. O treino iria mostrar quem tinha uma devolução mais agressiva porque os alemães têm uma devolução muito boa e fazem tudo muito bem , não perderam ainda na Davis. As condições eram lentas, mesmo com o calor e a quadra mais rápida, a bola era lenta. Precisávamos de uma pegada na devolução se não ficaríamos muito à mercê de um saque e voleio numa quadra lenta com caras que devolvem muito bem. Fizemos vários testes na semana, cada um ficava com a dupla em um período e no final tendo em vista todos os jogos trocando parcerias, vimos que o Felipe destoando em questão de devolução e peso de bola do Bruno e do Marcelo. Quando a bola estava na mão ele estava amassando quem estava na rede", relatou Daniel.

"Pesa tu tirar um Marcelo ...pra nós seria muito mais fácil deixar os dois, não se omite e põe os dois feras, que seria incontestável. Nós colocamos nossa cabeça a prêmio no sentido, principalmente o Jaime, estou ali para auxiliar. Jaime teve peito, ter uma atitude dessa. Era unanimidade colocar os dois experientes. Mas aí se perdesse iriam xingar, olhaí, os dois estão velhos e essas coisas. Isso faz parte . A gente optou pelo Felipe que estava em mais condições que os dois porém tinha a questão da inexperiência, o estádio cheio, no Brasil, com toda essa carga, que todo mundo ia falar, mas como não colocar o Marcelo ? Mas foi a melhor opção no momento e o Felipe correspondeu. Pra mim até ali o meio do segundo set o Felipe era o melhor em quadra em relação aos outros três , o próprio Bruno teve a humildade de dizer em quadra, 'poxa, se eu tivesse devolvido 20% melhor, teríamos vencido em dois sets. Fica muito claro pra quem estava envolvido que realmente... O Bruno jogou mal ? Não. Mas não teve aquela devolução. Ele comprometeu ? Não. Mas no nível de 2, 3 do mundo que é o que ele tem ,talvez teríamos faturado o jogo. Tivemos na porta de vencer. Na combinação estavamos dois que devolvessem bem, o Bruno devolve melhor que o Marcelo e o Felipe melhor que os dois então optamos por essa formação. Em um confronto de quadra rápida, aí o Marcelo cobre muito bem a rede, é outra história. Estamos muito bem servidos de duplistas e isso é muito bom. É um problema bom pra nós. A opção foi acertada pois isso dará uma confiança pro Felipe nas próximas Davis. Quando precisou ele estava ali, conseguiu render muito bem quando colocado na pressão".