Nesta segunda-feira a presidente da USTA, sigla em inglês da Federação Norte-americana de Tênis, Katrina Adams inaugurou ao lado da ex-numero 1 do mundo Billie Jean King um monumento em homenagem a ex-tenista Althea Gibson no complexo de Flushing Meadows.
Althea Gibson foi a primeira afro-americana a jogar o circuito profissional e a primeira, entre homens e mulheres a ser número 1 do mundo.
Criada no bairro do Harlem, em Nova York, Gibson foi relembrada pelo secretário executivo da America Association - uma organização ligada à USTA dedicado aos tenistas afro-americanos, Bertram Baker, em um capítulo icônico da história do tênis mundial.
No verão de 1950, Gibson chegou à final do torneio nacional onde enfrentaria a então campeã de Wimbledon, a loiríssima californiana Louise Brough. "Os torcedores gritavam da arquibancada pelo adversária de Althea: 'Bata a preta. Bata a crioula”, relembrou Baker. "Então, o céu se escureceu e uma chuva torrencial caiu. Todos os fãs saíram correndo buscando proteção quando um raio atingiu uma estátua de águia no topo do estádio e então o jogo foi suspenso. Sempre me lembrarei disso como o dia em que os deuses se zangaram", comentou.
No dia seguinte o jogo foi retomado e em razão de se tratar de uma jogadora negra, a partida chamou atenção da imprensa e Althea Gibson, então com 23 anos, irritada foi derrotada facilmente.
O episódio não a impediu de seguir no tênis e em 1956 conquistou Roland Garros e foi bicampeã do US Open e Wimbledon em 1957 e 1958.
“Esta não é apenas uma jogadora que venceu uma tonelada de títulos, é alguém que transcendeu nosso esporte e abriu caminho para as pessoas de cor", declarou a primeira presidente negra da USTA, Katrina Adams. "Sem Althea, eu não existiria, porque o tênis não teria se aberto pra mim. Tudo que ela teve que fazer foi três vezes mais duro do que para qualquer pessoa normal", ressaltou.
“Ela fez do tênis um lugar melhor, abriu portas e mentes, fez isso com graça e dignidade. Ela está recebendo o reconhecimento que ela merece", destacou Adams.
Primeira negra a vencer Wimbledon, Gibson foi uma das raras campeãs do mais importante torneio de tênis do mundo a receber o troféu das mãos da rainha Elizabeth II em 1957. Sobre o episódio, em sua biografia 'Eu sempre quis ser alguém', Althea Gibson escreveu sobre o episódio: "Apertando a mão da Rainha da Inglaterra, eu estava longe de ser forçada a sentar na seção dos negros do ônibus".
Gibson é uma das estrelas do passado recentemente homenageadas pela USTA no complexo de Flushing Meadows, onde é realizado anualmente o US Open. Há dois anos, o homenageado foi Arthur Ashe, primeiro homem negro a vencer um Grand Slam. Ano passado foi a vez de Billie Jean King, um dos nomes mais importantes na liderança das mulheres rumo a profissionalização do tênis.
A estátua de Gibson fica no complexo, foi feita em mármore e tem assinatura do artista plástico Eric Goulder.