Frio, certeiro, regular e implacável. Assim era o russo Nikolay Davydenko em seus anos como tenista profissional. Ex-número 3 do mundo, o tenista que raramente aparecia na imprensa quando ativo e aparece menos ainda aposentado, decidiu falar um pouco sobre sua vida pós-tênis.
“Nunca fui uma pessoa de estar nos meios de comunicação. Apenas dava entrevistas após as partidas, não ia às festas, tão pouco aos canais de TV”, começou explicando o russo sobre sua ausência da mídia. “Quando terminei minha carreira, me concentrei em minha vida família, a única notícia sobre mim era eu ser pai de três filhos, mas não parecia muito interessante. A partir de 2014 me dediquei completamente a meus filhos, estive muito distraído do tênis, tentei não pegar na raquete durante um tempo”.
“No primeiro ano após a aposentadoria estive sonhando constantemente com partidas. Sentia como se estivesse jogando, algumas de Grand Slam, na Austrália, concretamente. Agora, que tudo está esquecido, nem penso mais. Não vejo tênis, não assistia quando estava jogando, não tem sentido seguir acompanhando. Uma vez ou outra paro para assistir alguma partida em especial, recentemente estive assistindo Khachanov e Medvedev na temporada de saibro. Da grama eu não gosto, não há nada para se ver ali”.
O russo ainda aproveitou para falar cobre disputas entre os jogadores em seu tempo e sobre sua carreira, quase sempre tendo Roger Federer em seu caminho. “Sempre pode haver aversão entre alguns jogadores, nas quadras não existe amizade. Tais conflitos são isolados, se acontecem, logo se suavizam em algumas semanas. Pessoas como Kyrgios são inadequadas, antes não existiam. No meu tempo houveram alguns conflitos, por exemplo, com Stepanek, nunca nos gostamos, mas depois da partida tudo estava bem”.
“Não me arrependo de nada pois joguei em meu máximo nível, só não pode transpassar algumas barreiras. Toda minha carreira estive travado por Roger Federer, é o único que uma vez ou outra me derrotou em todos os grandes torneios, tanto nas quartas de final como nas semifinais. Era seu momento, houveram momentos em que ele era invencível. O que não sei é como ele faz para seguir mantendo a concentração aos 38 anos de idade. Ele tem um tênis rápido, ligeiro, intenso e sempre tenta vencer rápido. Mas, se a partida se arrasta aos 5 sets, então seu corpo começa a falhar, ainda mais quando enfrenta Nadal ou Djokovic”.
Por fim, Davydenko revelou um convite que recebeu para ser treinador de seu compatriota Karen Khachanov e deixou clara sua visão sobre treinar um tenista profissional. “Ele me disse que a oferta está na mesa, mas agora estou ocupado e não posso ajudá-lo. No entanto, ele me perguntou como sair do poço, pois eu também passei por esses momentos de dúvida ao perder em muitas primeiras rodadas. No entanto, a pergunta de verdade chega depois: como faço para me manter no top 10? Isso é o mais difícil. Ele terá que ver como conduz seus torneios, como mantém seu jogo e como lida com seu mental. É preciso de muitos pontos para estar entre os 10 melhores e tudo dependerá de sua campanha nos Estados Unidos”.
“Ser treinador é um trabalho muito duro, me parece até mais que ser um jogador. O treinador está sempre preocupado. O jogador, por sua vez, entra em quadra, faz todos os trabalhos técnicos e físicos, tem mais responsabilidades, mas é o treinador quem o protege. Seu treinador cuida de cada detalhe, quando comer, o peso das raquetes, as bolas de treino, parecem coisas pequenas, mas são vitais. Quem faz tudo? O treinador. Quem é o culpado se você perde? O treinador”, pontuou.