O tênis não é apenas um esporte, em algumas ocasiões nos traz um conhecimento maior da sociedade. A tunisiana Ons Jabeur está protagonizando um desses momentos durante o torneio de Roland Garros e tem muito conhecimento a trazer para todos os fãs.
Aos 22 anos de idade e atual número 114 do ranking da WTA, Jabeur está fazendo história na edição 2017 de Roland Garros, ao mostrar que a religião islâmica e o empoderamento da mulher podem sim coexistir, configurando-se em um modelo para muitas jovens meninas que desejarem seguir um caminho semelhante no futuro.
Tendo disputado o quali do torneio, Jabeur entrou na chave principal como Lucky Loser após perder na rodada final do qualificatório. Com a vitória desta quarta-feira, Jabeur se torna a primeira tenista islâmica a chegar à terceira rodada de um Grand Slam.
“É muito emocionante chegar onde cheguei. Disputei o torneio de juniores aqui e tenho muitas recordações boas. Sei que posso fazer uma grande partida e estou preparada para a segunda rodada”, comentou a tunisiana anteriormente à sua partida contra Dominika Cibulkova, a qual venceu por 6/3 6/4.
Jabeur também quebrou um jejum de nove anos desde que uma tenista árabe venceu uma partida em um torneio do Grand Slam, feito alcançado pela última vez por Selima Sfar, também em Roland Garros. Além de todos esses feitos, Jabeur também renunciou à uma das principais tradições do islamismo, o Ramadã, para que pudesse competir em Roland Garros. “Sou uma atleta e preciso me alimentar corretamente, desta forma não posso fazer o Ramadã”.
O ritual do Ramadã consiste do jejum realizado pelos muçulmanos durante o nono mês do calendário islâmico. O jejum vigora do nascer ao pôr do sol, iniciando-se após su-hoor, refeição feita ainda de madrugada, e encerrando-se no iftar, a refeição noturna que encerra o jejum.
No entanto, o jejum do Ramadã não se limita apenas à alimentos e bebidas, mas também engloba relações sexuais. Durante os 29 dias do Ramadã, o jejuador deve estar de mente limpa e totalmente focado nas orações demandadas pelo ritual.
Apesar da negação ao ritual, Jabeur demonstra uma grande devoção à sua religião. “Em breve chegará o dia em que realizarei o Ramadã compensando todos os dias que não fiz. Estou em um torneio e vou comer, mas sei que tenho uma dívida com meu Deus e sei que ele me permitirá pagá-la posteriormente. Se eu preciso passar duas semanas comendo, logo realizarei o Ramadã por duas semanas extras”, assentiu Ons Jabeur.
Seguindo em sua caminhada histórica no torneio francês, a tunisiana terá pela frente a suíça Timea Bacsinszky.