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'Casa de putas', diz ex-jogador sobre apostas no circuito

Quinta, 31 de dezembro 2015 às 18:05:41 AMT

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Tênis Profissional

“Nos encontramos às 16:30 no bar da esquina”, comenta C.M., ex jogador profissional e atual treinador de tênis em uma academia de Barcelona, Espanha. O homem prefere preservar sua identidade na hora de falar dos casos no tênis por possíveis represálias.



C.M. trabalha como treinador de tênis profissionais, viajando tanto com meninas quanto meninos entre todos os níveis do tênis: futures, challengers, ATP, WTA e Grand Slams. Foi jogador e chegou a pegar alguns dos maiores tenistas da história da Espanha. Tem uma boa história no tênis e sabe do que fala.

“É muito fácil. Se vem um senhor e lhe diz ‘olha, vou te dar 2.000 euros por uma derrota’, o que vão fazer alguns tenistas? Pegar a grana. Se por perder uma partida poderão ter o dinheiro para pagar os gastos durante um bom tempo, vão e fazem”, afirma ao site Punto de Break, da Espanha.

O problema das apostas está tão difundido que atualmente os tenistas apostam eles mesmos, não precisando de intermediários, necessariamente. “Vi na Grécia tenistas apostando de dentro da quadra. Víamos dentro da quadra o jogador com o telefone. Era horrível”.

Ele diz que as apostas são um tabu, mas comentadas nos círculos íntimos. “Afinal, quem está dentro do circuito vê o que acontece”.

C.M. detecta o problema sobretudo naqueles que estão à beira da aposentadoria e aproveitam para lucrar de forma ilícita. “Interessa muito a quem está no final de carreira e quer dinheiro, somente. Aos novatos não interessa.”

O entrevistado ainda atesta que veteranos não são os únicos, mas também há casos de tenistas que querem ir estudar em faculdade norte americanas e, para isso, passam um ano inteiro se dedicando a arrecadar dinheiro ilegal. “Há gente conosco que queria ir aos EUA cursar uma universidade e sabia que não teria dinheiro. Então, estas pessoas “trabalharam” com isso o ano todo e assegurou uma boa quantia.”, confessa o treinador.

Os vendidos não são facilmente expostos, apesar de muitos falarem e saberem quem são. Já que não há provas suficientes para denúncias, os outros deixam passar. “Como denunciar? Vamos ficar o tempo todo com uma câmera ou um gravador? Não é fácil.”

“Mas o problema é que não se passa só em futures, mas no mais alto nível, também. Quem não se recorda da partida entre Adam Sanjurjo e Potito Starace, em Madri 2012? Era a final do qualifying e Starace desistiu em 5-4 do primeiro set. Ele era top 100 e Adam nem ranking tinha. Sansurjo conseguiu 16 pontos porque o adversário se retirou, e Potito havia apostado, pois tinha problemas com a máfia”, confessa sobre um caso que levantou suspeitas à época e que é muito comentado por jogadores do circuito.

Curiosamente, Starace sempre esteve ligado às apostas ilegais. Foi suspenso em 2007 pela ATP por ter apostado na internet em partidas de tênis e em agosto de 2015 foi novamente punido, desta vez para sempre, pela Federação Italiana. Logo após, a sanção foi retirada.

A própria Federação Italiana reconheceu em 2007, através de um comunicado, que “a ATP conhecia há anos as apostas realizadas por Starace e lutava contra a intenção da Federação Italiana de suspendê-lo.”

“Somente agora decidiu atuar para demonstrar que está controlando os verdadeiros escândalos dos jogadores sujos”, completou a Federação no comunicado.

Starace não reconheceu seu erro e disse: “espero que paguem todos com a mesma dureza que foi aplicada somente aos italianos. Isso é um nojo. Temos sido massacrado sozinhos e não se resolve o verdadeiro problema”, disse o italiano, adepto das apostas desde muitos anos antes.

“A ATP encobre muito, a ITF também. Fazem muito barulho, mas é impossível controlar isso. Deveriam cortar da raiz, mas move muito dinheiro e há patrocinadores das duas que são as mesmas casas de apostas”, seguiu Starace, completando: “Sei de gente que ganhou mais de 200.000 euros em um ano com apostas, um menino que teve muitas lesões, voltava quando não estava recuperado, sabia e apostava, jogava e ganhava o dinheiro porque necessitava. Dizia que tinha lesões e ninguém podia comprovar o contrário. É muito fácil justificar dores”, completa sobre o tema que sempre causa polêmicas entre os jogadores.

 

 

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