O sérvio Novak Djokovic, número 1 do mundo, concedeu uma entrevista à BBC, que foi ao ar nesta terça-feira para falar sobre o período em que ficou retido na Austrália, onde foi 'julgado' e 'tratado mal' por seus companheiros de circuito.
Na conversa com o jornalista Amol Rajan, Djokovic contou momentos em que viveu na Austrália e detalhou um pouco como foi estar sob custódia em um hotel onde o governo local mantém refugiados e emigrantes que solicitam asilo político no país. O local é apontado por ONGs dos Direitos Humanos na Austrália como inapropriados para a custódia dessas pessoas, das quais muitas vivem há anos aguardando decisão sobre seus pedidos.
"Definitivamente não foi uma coisa agradável, mas não quero sentar aqui e reclamar das condições do centro de detenção porque fiquei lá apenas sete dias", declarou o sérvio que optou por não criticar com veemência o centro que segundo denúncias da imprensa local chega a distribuir comida estragada ao detidos.
Djokovic também falou do dia em que chegou em Melbourne e dos momentos de tensão junto à polícia de migração do país: "Me senti impotente, quando cheguei lá, não me permitiram para usar o telefone por três horas. Era meio da noite, entre 1h e 9h. Eu não conseguia dormir porque ia sendo interrogado a cada 30 minutos, basicamente. Passei muitos interrogatórios, eles começaram, aí eles pararam, aí eu tive que esperar a pessoa que tinha que falar com os superiores deles . Então voltou a hora. Foi uma noite inteira".
Depois do período sob custódia, Djokovic pode iniciar sua preparação para o torneio. "Pude permanecer livre por quatro dias e treinei nesse período, mas não foram dias normais de treinamentos prévios a um torneio do Grand Slam", iniciou Djokovic a respeito da liminar que recebeu da justiça australiana para que fosse tirado da custódia da polícia de fronteiras do país e pudesse aguardar o julgamento de seu pedido de recurso a recusa do visto, exercendo sua atividade profissional.
"Havia helicópteros sobrevoando a mim em todas as minhas sessões de treinamentos que tive na Rod Laver Arena. havia câmeras por todos os lados", relatou o sérvio falando da cobertura massiva da mídia local e de correspondentes de tênis do mundo todo, que acompanharam seus passos em Melbourne Park.
"Também tinha os meus colegas, eles me fizeram muito mal. Eu senti aquela energia, os olhares dos meus colegas e de todas as pessoas que estava nas instalações do clube. Obviamente eu entendo o que eles tenham a percepção da coisa através do que haviam visto na imprensa, mas eu não estava apto a ir aos meios de comunicação pelo que tinha sido acordado previamente no processo legal que eu enfrentava e a respeito do Australian Open", concluiu.