Alvo de protestos de diversos tenistas durante o Australian Open 2020, dentre eles John McEnroe e Martina Navratilova, a controversa australiana Margaret Court se defendeu dos pedidos de retirada de seu nome da segunda maior quadra do Melbourne Park.
Dando nome à Margaret Court Arena, a australiana é detentora do maior número de títulos de Grand Slams conquistados em simples dentre homens e mulheres, com 24 troféus, recorde que a norte-americana Serena Williams vem perseguindo desde 2017. Em todas as modalidades (simples, duplas e duplas mistas) Court soma 64 títulos de Grand Slam.
“Foi forte para mim. Eu nunca iria até outro país dizer a alguém: ‘Uma quadra de tênis não pode receber seu nome’. Essa homenagem é por meus feitos tenísticos e as pessoas querem misturar com outras coisas”, desabafou a australiana.
“Eu tenho as minhas crenças, as minhas opiniões e devem ser respeitos. Acredito na Bíblia e em Jesus Cristo. Eu não faria a ninguém o que me fizeram. Eles (Navratilova e McEnroe) não têm o direito de vir aqui na Austrália e exigirem o que exigiram”, defendeu-se.
A australiana ainda utilizou os números de sua indiscutivelmente brilhante carreira para defender a permanência da homenagem. “Tive uma carreira de destaque, ganhei 64 Grand Slams nas diferentes categorias. Simplesmente não se pode negar o feito de que ganhei uma quantidade de Slams que ninguém conseguiu sequer igualar. Representei a minha nação com esforço, amor e paixão. As homenagens que recebi são por isso”.
Por fim, tocou no assunto que convergiu para toda essa situação de revolta contra seu nome: suas declarações de intolerância aos homossexuais, principalmente no tênis. “Que fique claro que não rejeito os homossexuais. Cada um toma as decisões que quiser. Eu amo todos. Não tenho nada contra eles. Hoje em dia todas as diferenças são aceitas em qualquer atividade, sejam de raça ou nacionalidade. Não deveríamos trazer estes temas para o esporte. Se a sociedade aceita, por quê este debate vem para o esporte, dando a entender que as diferenças não são aceitas? Essas coisas não deveriam continuar a ser discutidas aqui”, concluiu.
Ainda que a ex-tenista sustente este posicionamento, suas ações vão em um caminho contrário. Nos anos 90, após Martina Navratilova assumir-se homossexual, Court chegou a dizer abertamente que a tcheca era um péssimo exemplo para o esporte.
Pouco antes do início do Australian Open 2020 a veterana australiana conversou com o website italiano ‘UbiTennis’, onde afirmou que “Se permitimos ainda que essas (transsexuais) pessoas compitam nos esportes profissionais, isso gerará um grande prejuízo para a sociedade”, corroborando com uma declaração do final de 2019 na qual dizia que “transsexuais são uma criação do demônio”.