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Goiana oriunda de projeto social vai às quartas do 34º Bahia Juniors Cup

Quarta, 03 de outubro 2018 às 17:30:22 AMT

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Tênis Juvenil

O Brasil terá três representantes nas quartas de final da categoria até 18 anos mundial no feminino na 34ª edição do Bahia Juniors Cup - Troféu Nilton Vasconcelos. Destaque para a goiana Nalanda Silva, que treina no Rio de Janeiro, tenista oriunda de projeto social em Minaçu (GO) e número dois do ranking da América do Sul, que virou placar e vai buscar vaga na semifinal. A competição em Salvador (BA) no Clube Bahiano de Tênis, no bairro da Graça, tem entrada gratuita e recorde com 307 atletas de 15 países.



Nalanda passou pela brasileira Thassane Abrahim por 2 sets a 1 com parciais de 5/7 7/6 (7/0) 6/1 após duas horas e meia de duração e vai encarar a quarta favorita, a chilena Jimena Gonzalez que derrotou a catarinense Namie Isago por um duplo 6/1: "No começo estava meio nervosa, a bola estava mais rápida, mas consegui confirmar quase todos os games de saque, no segundo set joguei firme, no terceiro aumentei minha intensidade e ela baixou", disse a tenista de 15 anos.

Nalanda começou a jogar tênis com nove anos de idade graças ao projeto social chamado Quadra de Talentos de um dos seus treinadores, o francês Laurent Philippe, que trabalhou na Federação Francesa de Tênis e se mudou para o Brasil. A menina se destacou e passou a se dedicar ao esporte tendo resultados expressivos nas categorias de base. Só que no ano passado os recursos para manter o projeto social terminaram por conta da crise e os treinamentos em Goiás cessaram. Nalanda chegou a se mudar para Goiânia onde ficou um curto período de também antes de ser acudida pela academia Tennis Route, na capital carioca, que banca os custeios de treinamento, algumas viagens e estadia.

A tenista é de origem humilde. Seu pai está desempregado, a empresa de amianto em Minaçu onde trabalhava, chamada SAMA, com máquinas faliu com a crise financeira um ano antes dele completar 20 anos e ter direito à aposentadoria. Sua mãe há pouco tempo estava desempregada, mas voltou recentemente ao mercado trabalhando como professora em uma escola na de Goiânia. Os pais da tenista moram na capital goiana graças a ajuda de um dos apoiadores de sua carreira, Rubens Rela, que ofereceu uma casa para eles.

"Comecei nesse projeto social, tinham várias crianças que iam ao projeto e eles pagavam viagens, alimentação e tudo, ajudavam muito. Mas a empresa que patrocinava nós fechou e terminou o projeto em novembro. Depois fiquei três semanas em Goiânia e o Laurent me levou para o Rio de Janeiro e a Tennis Route me ajuda bastante com treinamento, estadia, algumas viagens, outras viagens algumas pessoas pagam. Quem me ajuda bastante é o Rubens Rela, confia muito em mim, espero que chegue lá um dia. Meus pais se mudaram para Goiânia, o Rubens tinha uma casa que não usava e cedeu para eles. Hoje em dia vejo meus pais pouco, de quatro em quatro meses, esse ano vi duas somente", apontou a tenista que mesmo com apoio da academia e do Rela cerece de patrocínio. Nesta temporada ela foi vice-campeã do torneio mundial no Paraguai, ficou em segundo lugar no ranking Sul-Americano até 16 anos somando um título e quatro finais, mas não pode disputar uma série de eventos justo por conta de grana.

"Tem muitos torneios que não joguei por conta de grana. Deixei de jogar vários eventos mundiais ITF e tive que jogar os Cosats Sul-Americanos por que a Confederação Brasileira de Tênis ajudava e não tinha muito custo. Não deu para fazer os torneios que queria, mas tamos aí. Para o segundo semestre não sei também, com certeza trava não ter patrocínio para jogar os torneios. Era para eu ter começado a jogar profissionais já este ano, mas por falta de grana não deu, mas ano que vem a ideia é jogar profissionais e eventos ITF juvenis".

A tenista destaca o papel de Laurent para sua carreira. Hoje em dia o treinamento está mais focado com os técnicos da Tennis Route como João Pedro: "Laurent faz tudo praticamente pra mim, vê passagem, viagem, hospedagem, meu calendário ele que faz, o João Pedro é meu treinador na academia, mas o Laurent hoje me ajuda nessa parte fora da quadra".

Todas as ajudas que recebe e as dificuldades que têm para ser uma jogadora, Nalanda espera retribuir em quadra e ter sucesso na carreira: "Quero ser profissional, estou trabalhando para isso, quem sabe ser número 1 do mundo, quero chegar lá".

Nas quartas de final Nalanda pega a quarta favorita, a chilena Jimena Gonzalez.

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