O sueco ex-top 4 Robin Soderling concedeu uma entrevista ao jornal espanhol Marca, onde relembrou uma das maiores vitórias de sua carreira, bater Rafael Nadal na semifinal de Roland Garros em 2009, e das necessidades de mudanças que o tênis precisa.
O ex-tenista que foi duas vezes vice-campeão em Roland Garros (2009 e 2010) contou ao jornal que na vida após o tênis profissional não conseguiu manter-se afastado do esporte que "tanto ama" e por isso dedica boa parte do seu tempo a sua marca de equipamentos para o esporte, a RS-Tennis, e aos treinamentos e orientações ao pupilo Elias Ymer, de 22 anos. "Viajo pouco com ele e no mais treinaos umas 20 semanas juntos por ano", resumiu a relação com o atual número 1 de seu país.
Ao ser questionado sobre como vê o tênis atual, Soderling que foi contemporâneo de Rafael Nadal, Roger Federer, Novak Djokovic e Andy Murray, exaltou os antigos rivais, principalmente o espanhol, o suíço e o sérvio, que deram ao esporte o "melhor momento de sua história", o que em suas palavras ajudou a "popularizar" o esporte.
Entretanto, Soderling, que foi número 4 do mundo em novembro de 2010, atrás apenas de Federer, Nadal e Djokovic, ressaltou que o momento foi "difícil" para o resto do circuito e prevê um momento delicado com a aposentadoria dos três: "Será um desafio para o tênis quando eles se aposentarem. É importante para o tênis que cheguem novas estrelas como [Alxander] Zverev e [Nick] Kyrgios. Precisamos de super-estrelas que façam o esporte popular".
Durante a entrevista, o sueco, que foi diretor geral do ATP de Estocolmo, demonstrou muita preocupação com o futuro do esporte. Soderling externou de maneira clara sua preocupação ao ser perguntado como via as mudanças testadas durante o ATP Finals Next Gen em novembro passado na cidade italiana de Milão.
"O tênis precisa mudar algo. Eu gosto como ele é atualmente e talvez todos os jogadores goste, mas é preciso se adaptar aos espectadores", iniciou sua fala ao recordar que passou a pensar seriamente em mudanças ao assumir a direção do torneio sueco. "[Hoje] todo mundo é mais impaciente, quer mais velocidade e mais entretenimento. Quando eu trabalhava em Estocolmo, observava os espectadores nas arquibancadas, eles iam, e com o 1/1 no segundo set eles ficavam olhando seus celulares e aí quando tinha três ou quatro games iguais é que iam prestar atenção. Daí vinha o outro set. Acredito que é bom que os jogos sejam mais curtos, divertidos e interessantes. Talvez deste modo em que testaram", opinou ele em referência a sets decididos em melhor de quatro games e estes sem igualdade.
Soderling foi recordado pela reportagem sobre o duelo entre Espanha e Alemanha pela Copa Davis, que foi definido no quinto set do quinto. "Para jogadores, torcedores e autênticos admiradores do tênis foi espetacular. Mas há muita gente que gosta de esportes, que vão ver tênis e querem mais. Há que se adaptar. Quando você tem Copa Davis num 5-5 do quinto jogo é o que há de melhor, mas é raro. Há muitos jogos que acabam em 6/3 6/4 6/3. Temos que encontrar um caminho de fazer o esporte e o tênis mais interessante a mais pessoas".
Ao ser questionado sobre as mudanças propostas para a Copa Davis, Soderling destacou que a proposta é "muito extrema", mas vê a necessidade de mudança. "O interesse e a popularidade da Davis está caindo ano após ano entre os jogadores. Não sei como é na Espanha, mas em outros países, como por exemplo a Suécia, antes era cheio quando jogávamos a Copa Davis. Agora, há cada vez menos pessoas e espaços menores na imprensa, talvez porque os melhores não jogam. Algo precisa mudar", decretou ele afirmando sentir-se triste porque gosta do formato e atmosfera da competição.