Após Gael Monfils passar mal em quadra enquanto enfrentava Novak Djokovic pela terceira rodada do Australian Open nesta quinta-feira, uma longa discussão sobre preservação dos atletas diante do calor voltou à pauta em Melbourne.
Em quadra, Monfils disse ao fisioterapeuta da ATP que entraria em colapso a qualquer momento. Durante a partida, realizada no meio da tarde, os termômetros marcavam 35ºC na cidade e estima-se que na quadra Rod Laver Arena, onde francês e sérvio se enfrentavam a temperatura pode ter chegado à 60ºC.
Após a partida, Djokovic mostrou-se insatisfeito com o descaso, já que a organização optou por não fechar o teto retrátil da quadram o que diminuiria substancialmente a incidência solar e possibilitaria o funcionamento do sistema de circulação de ar.
Com a polêmica toda, o site de notícias australiano News.com.au ouviu a doutora pela ANU (sigla em inglês para Universidade Nacional da Austrália) especialista em clima e saúde, Dra Kathryn Bowen, que assistiu a partida pela TV e comentou que o "bom senso" deveria ter prevalecido e o teto fechado para preservar os atletas.
A organização do torneio se pronunciou através do Twitter, no momento do jogo, ao responder um fã dizendo que nas demais quadras jogadores atuavam em condições climáticas semelhantes e que "não era justo" fechar o teto da Rod Laver Arena.
“Quando você vê os impactos em uma pessoa que são tão agudos como foram, você precisa ter um olhar subjetivo e responder de um modo mais humano", disparou a especialista
"Não é necessário colocar termômetros em quadra. Está claro que os dois estavam sofrendo", seguiu ela. "Isso torna o jogo perverso. Eles estavam sob significativo estresse pela alta temperatura e os diretores e fiscais precisam estar aptos a tomar uma decisão rápida, com autonomia", opinou.
A Dra. afirmou ser fã de tênis e que estava "totalmente desconfortável" por causa da dor visível em Monfils. "Eu estava com medo de ver aquilo", destacou ela que pontuou que o francês sofria em quadra.
"Eles tentavam sobreviver àquela situação. A coisa deixou de ser sobre habilidade esportiva e passou a ser sobre sobrevivência em situação de extremo calor", ponderou.
"Está claro que a organização precisa colocar a saúde dos jogadores em primeiro lugar e parece que eles não se importam", finalizou a especialista em saúde e clima.