Em um jogo de tirar o fôlego, o francês Lucas Pouille, 25º da ATP, eliminou o espanhol Rafael Nadal, 5º, por 6/1, 2/6, 6/4, 3/6 e 7/6(6), em 4h07, e classificou-se às quartas de final do US Open pela primeira vez na carreira.
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Igualando o melhor resultado da vida em um major – chegou às quartas em Wimbledon, também neste ano - ele enfrenta, agora, o compatriota Gael Monfils, 12º, contra quem carrega um retrospecto desforável de 1x0. No Australian Open, em 2015, Lucas abriu 2x0, mas levou a virada do experiente Monfils.
O jogo foi excelente. Muito dinâmico, teve dois jogadores lutando por mais de quatro horas, alternando a dominação dos momentos nos sentidos de intensidade, da tática e do emocional, grande ponto e provável motivo pelo qual Rafael Nadal não saiu vencedor do Arthur Ashe Stadium na noite de domingo.
O primeiro set foi totalmente dominado por Pouille. Desde o início levando a melhor nas trocas de bolas, ele encurralava Nadal no fundo da quadra. O espanhol, por sua vez, não jogava um tênis que lhe permitisse fazer frente ao rival. Assim, em rápidos 28 minutos, Rafa perdeu seu saque três vezes e o primeiro set com muita facilidade.
Na segunda etapa, o ‘Touro Miúra’ voltou diferente. Ciente de que não poderia continuar aceitando a pancadaria do oponente, o tenista de Manacor buscou tomar o controle das ações a partir do primeiro game. A estratégia deu certo, ele foi, gradativamente, recuperando sua confiança e contou com uma quebra precoce, em 0/1 - assim como Pouille havia feito com ele, no set anterior -, depois de o francês abrir 40/0, para caminhar com um pouco mais de tranquilidade.
Daí pra frente, o ex-número um só fez melhorar. Ele enfrentou percalços no quinto game, quando, servindo em 3/1, salvou quatro break points, um com muita sorte, num erro de voleio do oponente. Depois disso, porém, só deu Rafa, que voltou a quebrar Lucas no 2/5 e empatou a partida em 44 minutos.
Na volta para a terceira parcial, depois de os dois atletas irem ao banheiro, Pouille retornou com a intensidade lá em cima e, quando o tenista ibérico se deu conta, já tinha 0/40 contra si. Batendo muito firme na bola, a revelação quebrou o adversário e conseguiu a importantíssima vantagem. A partir do 2/0, dois games longos e duríssimos, com ambos suando para confirmar seus serviços, o que eventualmente conseguiram. Mas, após esse ponto, eles sacaram demais e não deram chances aos recebedores. Nesse contexto, Pouille fez 6/4, 2x1 no jogo e obrigou o top 5 a jogar cinco sets, caso quisesse avançar à próxima fase.
A tônica do final do set anterior continuou no quarto. Dessa forma, Nadal, sempre muito inteligente, esperou, pacientemente, a chance vir, e não desperdiçou quando ela chegou. A essa altura, Pouille já sentia o desgaste dos 13 sets jogados nas três partidas anteriores e errava bem mais do que fizera nos três primeiros sets.
No 1/2, após algumas vantagens do rival, ele teve um break point, mas Lucas se segurou. No 2/3 entretanto, a mudança no nível apresentado pelo atleta da terra de Napoleão ficou evidente com um voleio fácil errado no 30/30 e, para finalizar, uma dupla falta na chance de quebra. Mas o jogo ganhara contornos de batalha. Na sequência, Rafael cometeu muitos erros e não segurou a quebra.
Em mais uma reviravolta, todavia, o 25º colocado viu Rafa, ainda muito inteiro, jogar bem, forçar seus erros e jogar um belo ponto para quebra-lo novamente e fazer 5/3. Com Rafael Nadal, o raio não cai duas vezes no mesmo lugar, é claro. Sacando no nono game, ele finalizou com um winner de forehand, fez 6/3 e completou o enredo de uma batalha no tênis: quinto set.
Em seu início, a parcial parecia fácil para o favorito. Com uma quebra no primeiro game e um físico muito melhor, Rafa aparentava caminhar a passos largos para a vitória, mas a lógica, definitivamente, não era o único fator que exercia influência sobre o confronto. Com 4/3 e saque, ele aplicou uma curtinha ruim e levou a passada, sendo castigado, em seguida, com a perda de uma vantagem que, aos olhos de todos, seria conservada até a vitória. No 4/4, com chance de se redimir e servir para as quartas de final no game seguinte, o tenista das ilhas baleares encurtou o braço e errou na rede. Daí em diante, os dois buscaram a rede a todo momento e não cederam mais oportunidades para o concorrente, levando a decisão a um inevitável tiebreak.
Nele, o francês começou mal, cedendo o minibreak numa fácil direita errada na rede. Porém, no ponto seguinte, ele se redimiu com um belo trabalho, finalizado no voleio. Para melhorar sua situação, na sequência, Nadal foi quem cometeu um erro bobo, com o forehand, no meio da rede. O espanhol ficou muito pressionado após o saque do oponente, que conseguiu um belo winner de esquerda e um ace, abrindo 4/1.
Rafa conseguiu fazer seus dois serviços, mas errou por pouco a tentativa de winner de forehand no 3/4 e viu Pouille dominar com seus grandes golpes de fundo de quadra o 5/3, acabando com o winner. Com três match-points contra, o espanhol não parou de lutar, fez valer seu serviço e foi recompensado. Visivelmente espantado, o azarão começou bem o 6/5, mas não resistiu e acabou disparando um míssil na tela. O dono de 14 Grand Slams, é claro, pôs absolutamente todas as bolas para o outro lado e esperou o erro, mas quem acabou errando foi ele mesmo, num forehand muito fácil, dentro da linha do ‘T’. E Pouille terminou como iniciou: ditando o ritmo, encurralando Rafa e finalizando com um winner, desta vez de direita, um forehand cirúrgico, sem afobação, após mais de quatro horas de uma batalha épica em Nova Iorque.