X

Toni Nadal critica 'atraso' do tênis e propõe evolução, citando Neymar e Messi

Quinta, 19 de maio 2016 às 18:00:15 AMT

Link Curto:

Tênis Profissional

Toni Nadal concedeu uma entrevista ao jornal francês ‘L’Equipe’ em que comenta aspectos relacionados à evolução do tênis e ao “atraso” que, nas palavras de Toni, o tênis leva em relação a outros esportes, no desafio de se adaptar aos novos tempos.



“No tênis moderno, tivemos um longo período em que Roger Federer, um jogador tecnicamente fantástico, foi o melhor do mundo. Mas, recentemente, houve uma transição para um jogo muito rápido e sem estratégia, no qual tudo é boom boom boom [pancadas desmedidas] em cada ponto. Hoje em dia, os especialistas de saibro se consideram operários que passam bolas. Por outros lado, temos aqueles que somente batem duramente [na bola], e um jogo não consiste simplesmente em golpear; isso é baseball!”

Toni seguiu, comparando o esporte de seu sobrinho a outros, notadamente o futebol, criticando severamente os dirigentes do tênis. “As regras de muitos esportes mudaram porque o tamanho dos atletas mudou. Mas não vimos essas mudanças no tênis. Desde a introdução do tiebreak, na década de 70, não vi nenhuma [mudança]. As constituições dos jogadores de agora em nada lembram os tenistas de vinte anos atrás. Nem a intensidade do treinamento, tampouco o nível de profissionalismo".

"No entanto, os ‘patrões do jogo’ [ATP, WTA e ITF] mantêm as mesmas dificuldades. O que conduz a essa incoerência; em que outro esporte um ponto é comparável a um pênalti no futebol? Porque esse é o caso do tênis, quando falamos de saque. O recebedor parece um goleiro tentando defender um pênalti”.

Na sequência, o jornal questiona o consagrado técnico sobre uma situação hipotética na qual Rafa tivesse 2 metros e sacasse a 220 km/h. Nesse caso, ele continuaria reclamando? A pergunta o irritou.

“Cuidado! Se você pensa isso, está se confundindo. O que estou dizendo não tem nada a ver com Rafael. Estou falando como espectador, que pensa no jogo de uma forma geral. Além disso, como treinador de Rafael, quero que nada mude. Ele ganhou quatorze Grand Slams e tem tido uma carreira extraordinária jogando sob as regras que estou criticando e a falta de evolução que estou lamentando”.

“Não sou um idiota! Sou uma pessoa que tem preferências e não está sozinha nisso. Você sabe quem foi o jogador que mais arrancou aplausos da torcida no último IPTL [torneio-exibição, disputado em dezembro]? [O francês] Fabrice Santoro! Porque ele consegue fazer tudo: um voleio, seguido de um lob. Tudo. Que jogadores mais nos agradam? Aqueles que podem criar como ele [Santoro] ou aqueles que golpeiam duramente todas as bolas que veem pela frente?”, questionou.

Ele voltou ao futebol. “Veja como o futebol evoluiu. Na Copa do Mundo da Itália, em 1990, o que houve? Muitas partidas com pouquíssimos gols. 1x0 ou 1x1 era um jogo de sorte [para o espectador]. Ficou evidente que era necessário produzir algo que entretece mais os espectadores. Assim, ocorreram duas coisas: proibiu-se que o goleiro pegasse bolas recuadas com a mão e acrescentaram mais um ponto às vitórias, que, em vez de dois, passaram a valer três pontos. Isso mudou totalmente a qualidade do espetáculo”.

Até ídolos futebolísticos de Brasil e Argentina foram usados como exemplo. “E quem é o melhor do futebol atual? O mais forte fisicamente? Não, o mais hábil. Messi, Neymar e outros”, destacou.

Expostos os problemas, Toni Nadal enumerou possíveis soluções.

“Há um monte de coisas que podemos mudar, mas temos que elegê-las primeiro. Para mim, é necessário um câmbio nos materiais, primeiramente. Antes, as raquetes tinham cabeças muito pequenas, o que requeria um maior domínio da técnica. Mas deve-se olhar o debate de um ponto de vista mais amplo: o que conta não é aquilo que eu gostaria de mudar, mas o tipo de jogador que queremos ver, o tipo de espetáculo que queremos oferecer".

"Respondendo a esta pergunta fundamental: podemos evoluir e mudar as regras. Necessitamos refletir de maneira mais geral sobre a importância do serviço, mas, de novo, eu gostaria de priorizar de maneira irrestrita a questão dos matérias: a cabeça da raquete, bolas menores ou maiores ou ao menos mais lentas e algumas outras coisas. As condições de jogo geram grandes dificuldades no controle da bola, e nessa parte incluo os amadores, também. Por que você pratica um esporte? Para fazer exercício, suar. No tênis de hoje, quase não se sua”, concluiu.

teninews.com.br
br.jooble.org