Após uma grande derrota na apelação judicial, o Miami Open, que compreende um Masters 1000 e um WTA Premiere, pode estar deixando o Crandon Park, em Key Biscayne. O advogado do torneio disse que uma ida para outra cidade é uma certeza virtual.
O evento já havia perdido uma apelação na semana passada no Distrito da Terceira Corte de Apelação. Ele disse que a única variável é quanto tempo o torneio demorará a sair após ser derrotado em seu desafio de ampliar o espaço já usado no Crandon Park, propriedade do Condado de Miami-Dade e que tem sido casa do torneio sempre no fim de março e começo de abril na Flórida e que leva algumas das maiores estrelas do tênis e em torno de 300.000 espectadores à Key Biscayne.
“Em algum momento, o torneio deixará Miami. A única questão é quando”, disse ao jornal Miami Herald, Eugene Stearns, o advogado da cidade de Miami que representou o torneio em seu derrotado esforço para inverter as regras do Condado e permitir o Miami Open a começar uma expansão de 50 milhões de dólares no local do evento.
A detentora do torneio tem um compromisso de oito anos no contrato com o Condado de Miami Dade, mas Stearns sustenta que o acordo não é mais válido, pois o Condado falhou em proporcionar uma "casa atualizada" para o evento anual: "Não posso prever se o torneio irá querer continuar pelos próximos oito anos", ele disse. "Eles certamente terão que considerar suas opções. Sob as circunstâncias, as condições se tornaram hostis a condução de um negócio".
No final da semana passada, a Terceira Corte bateu o martelo contra o evento em uma decisão de apenas uma folha que reafirma a sentença de uma Corte menor que manteve as restrições do Crandon Park. Isso veio na esteira de um bate boca onde os juizes da apelação tomram a rara decisão de não fazer perguntas aos advogados- um sinal de que os juízes não estavam tão interessados em explorar a disputa. A "decisao sem opiniões" impede o torneio de fazer mais apelações, significando que o Miami Open terá que convencer a Corte a escrever uma decisão antes que possa almejar um suspiro ante a Suprema Corte da Flórida: "Não irei segurar minha respiração", disse Stearns.
No coração da disputa está Bruce Matheson, um descendente da família originalmente detentora do Crandon Park. O local continua a ser governado sob restrições datadas da doação do terreno ao Condado, em 1940. Os Mathesons, a época donos de grandes terras em Key Biscayne, solicitaram a Miami-Dade que construísse uma ponte para a Ilha de Key Biscayne após aceitarem 975 acres de terras por Crandon Park, cujo uso era solicitado para ser apenas com ¨fins de parque público¨.
Outros Mathesons entraram com processos para bloquear a criação de um grande estádio que iria servir ao torneio na década de 80, e o litígio foi parcialmente resolvido após a criação de um comitê, composto por quatro pessoas, que aprovaria quaisquer mudanças no plano piloto do parque.
Uma Organizacção sem fins lucrativos selecionada pela família Matheson, a Associação Nacional de Conservação de Parques National Parks Conservation Association, detém metade dos assentos e nomeou Bruce Matheson como um de seus membros. Depois disso, Matheson tornou-se um dos maiores inimigos do torneio de tênis, que processou a ele e ao Condado de Miami-Dade no ano passado, com o intuito de que o comitê fosse declarado ilegal. Num resumo escrito à Corte, o torneio alegou: "Esta apelação pede à Terceira Corte que dê o controle do Crandon Park de volta ao povo e a seus representantes eleitos." Oren Rosenthal, um Procurador-Assistente do Condado que cuida do caso, recusou-se a comentar.
Os executivos do Miami Open não responderam a solicitações de entrevistas nesta semana, mas os comentários pouco esclarecedores de seu advogado vão de encontro a um amplo argumento do evento anual dois pontos limpem o espaço para o torneio criar um novo complexo de tênis ou arrisquem perder o torneio para outra cidade.
Oficiais do torneio recusaram-se a fomentar especulações de que uma nova estrutura para o tênis em Orlando seria alternativa ao evento e, na semana passada, o Diretor do Torneio, Adam Barrett, disse que cidades bem distantes, como Dubai e Pequim, querem o tipo de torneio como aquele realizado em Key Biscayne desde os anos 80.
A decisão da Corte pode encorajar o torneio a levar a cabo suas ameaças quanto a deixar Miami. Por outro lado, também pode levar os oficiais do torneio a negociar uma menor expansão com Matheson e a NPCA. "Eles já tem um estádio", alega Richard Ovelmen, advogado de Matheson. "Poderiam pedir ao comitê para fazer melhorias nele, mas o que não podem é acrescentar vários estádios ou estruturas permanentes". Em seu resumo para a Terceira Corte, o Condado escreveu que o torneio ¨abandonou¨ a tentativa de modificar o Plano Piloto "em favor deste litígio inútil e sem mérito algum".
O torneio, um braço do Conglomerado da IMG Sports, começou a fazer pressão politica para a expansão em 2012, quando venceu um plebiscito no Condado que propunha refazer o atual estádio principal, com capacidade para 14.000 lugares, e construir mais dois estádios permanentes, onde hoje há quadras menores. A medida foi aprovada com 73% dos votos.