Por Fabrizio Gallas, em Florianópolis (SC) - Atrás das cabines de transmissão da Arena Gustavo Kuerten no Costão do Santinho e rindo da quantidade de cabelos brancos, fruto dos filhos pequenos Maria Augusta e Luiz Felipe, Guga atendeu ao Tênis News e comentou sobre Rafael Nadal, Roger Federer, Novak Djokovic e sua tristeza com os rumos do esporte e da política no país.
Kuerten, que ganhou Roland Garros três vezes, comentou a atual má fase de Rafael Nadal que não passou das quartas de um Grand Slam este ano e somou três títulos, um ATP 500 e dois ATP 250, pela primeira vez em uma década set Majors. Ele fez um comparativo do que o espanhol passa hoje com o que já viveu com lesões no quadril. Rafa vive uma série de problemas físicos concentrados no joelho.
"As chances são muito improváveis (de voltar a ser o número 1), de ganhar Roland Garros são pequenas. É pouquíssimo provável que ele consiga ser o número um do mundo ou mesmo ganhar um Grand Slam, principalmente com as atuações dos outros caras", disse Guga que explicou: "O nível de performance dele está comprometido. Se ele estiver, amuado, nervoso, com cãibras, ele vai dar um jeito, mas se no nível de performance dele não estiver mais 100% não tem o que fazer."
"Eu comparo um pouco com a minha atuação depois da primeira cirurgia. A dor não era problema, mas se eu não consigo correr direito é um baita de um problema, se não consigo apoiar o pé direito, minhas chances começam a diminuir 15, 20%. No caso dele, ele não pode pegar o Djokovic no caminho, tem que ganhar em dois, três sets, porque jogar cinco sets, o que antes favorecia ele, hoje já é uma dificuldade. Em 2004, Roland Garros bateu na trave para mim. O Gaudio não era um cara que ganharia de mim em uma situação normal, mas respondia bem meu sque, me fazia correr mais, mas naquela condição que eu tinha eu preferia pegar o Federer, que era o número um, do que ele que trazia muitas dificuldades para mim."
Mesmo assim Guga deixa uma ressalva sobre o tenista de 14 Slams e nove títulos em Paris: "Hoje o Nadal depende desse fatores, mas é um cara extraordinário. Eu não esperava que fosse chegar ao melhor do mundo na retomada dele naquele mesmo ano em 2013 e ele foi. Então tem que deixar esse asterisco como ponto de observação. O cara é de outro planeta. Acabado ele não está porque o cara ganhou três, quatro torneios no ano, mas talvez acabado em relação a Grand Slam".
Difícil para Federer com Djokovic em um Major - Recentemente, Roger Federer perdeu sua segunda final consecutiva de Grand Slam diante de Novak Djokovic, desta vez no US Open. Para o Manezinho da Ilha, a situação do suíço contra o sérvio é bem difícil: "Melhor de cinco sets contra o Djokovic ele precisa jogar tudo e o Djokovic não pode jogar tudo (...) envolve físico e técnico", disse: "Mesmo perdendo um set ainda fica parelho, pode se recuperar, não é bloqueio do Federer e sim capacidade do Djokovic superar um cara extraordinário como o Federer. O que o Federer podia fazer naquela final (do US Open) ? Não tinha o que fazer mais.”
Kuerten não tem certeza se o sérvio alcança a marca de Federer com 17 Majors, mas aposta que chegará perto: "No início do ano me arriscava a prever que ele chegaria bem próximo do Federer. Ele bateu na trave pra ganhar os quatro Grand Slams esse ano. A diferença dele pros outros é tamanha que às vezes até jogando o 80% dele, consegue ganhar um Slam, e dá margem de vantagem absurda. É pouco provável que consiga passar o Federer, mas nos próximos três anos poDE ganhar mais uns seis até porque não tem nenhuma grande promessa. Talvez o Murray que possa acompanhar tete a tete, mas pro Federer e Nadal está cada vez mais difícil".