Uma mudança promovida pelo alemão Alexander Zverev, 3º da ATP, e sua equipe a cerca do modelo da raquete utilizada em competição explica em números a queda de rendimento do tenista e derrotas surpreendentes.
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Vice-campeão do Australian Open no início da temporada, Zverev, de acordo com reportagem da Eurosport decidiu fazer a mudança da raquete buscando maior efetividade e domínio já nos torneios sul-americanos.
A estratégia de Zverev foi disputar o ATP 250 de Buenos Aires e o Rio Open, onde teria em tese chaves com menos tenistas tops para aplicar a mudança em seu jogo, mas a tática não deu certo e o tenista foi eliminado em ambos os torneios nas quartas de final com derrotas de virada. Na capital argentina a derrota foi para o melhor tenista do continente, Francisco Cerundolo, então 28º da ATP. No Rio a derrota foi ainda mais surpreendente, novamente para um argentino, Francisco Comesana, então 86º.
O alemão ainda utilizou a mesma raquete em treinamentos em Monte Carlo, mas decidiu competir em Munique (Alemanha), esta semana, com a raquete habitual.
Em entrevista em Munique, Zverev explicou a razão por voltar à raquete antiga: “Não consegui controlá-la. Tive um ótimo saque e um ótimo forehand, mas estava jogando meu backhand quatro metros longe demais, em média”.
Apesar de o alemão não abrir todas as estatísticas que ele e sua equipe identificaram após os testes e graças ao sistema de dados de jogos disponibilizados pela ATP, é possível apontar que a nova raquete causou alguns problemas ao tenista que resultaram em derrotas por ele inesperadas.
Ao comparar dados de Zverev entre 2024 e 2025, disponívels pela InfoStats da ATP, é possível verificar que a efetividade do saque do alemão no saibro caiu, apesar da velocidade média ter aumentado de 202 km/h para efetividade de seu primeiro serviço, quando na gira sul-americana esteve em 207 km/h, a porcentagem de primeiro serviço vencido pelo alemão foi 68% em 2025 a 72% de aproveitamento do alemão.
Observando o jogo de Zverev contra Comesana no Rio de Janeiro, a tática do argentino foi para buscar devolver o forte saque do alemão em seu backhand e ao conseguir efetivar, contou com erros para conquistar a virada.
O ponto destacado por Zverev em sua fala em Munique a respeito dos erros muito aquém do habitual com backhand, pode ter alterado a confiança do tenista em si mesmo durante seus jogos e ele acabou eliminado de virada tanto no Rio quanto em Buenos Aires. Zverev também foi eliminado de viada em Monte Carlo.
Mesmo com o saque mais agressivo e preciso, Zverev teve com a raquete testada uma efetividade menor de games de saque vencidos. Em 2025 foram 74 games sacados por ele no saibro em sete jogos e 57 vencidos. A título de comparação, no top 50, apenas o italiano Flavio Cobolli tem o mesmo número de jogos até o momento do alemão no saibro e o italiano sacou 61 games e venceu 47, tendo um aproveitamento superior ao do alemão.
Outro dado importante sobre o teste da raquete e que confirma percepção do tenista em quadra é que em suas três derrotas no saibro no ano, Zverev somou 95 erros não-forçados e bateu ao mesmo tempo nestas mesmas partidas um total de 63 bolas vencedoras. Com adversários que gostam de ditar pontos, como o caso de Berrettini e Cerundolo, Zverev
cometeu, respectivamente, 34 e 36 erros não-forçados diante de 21 e 17 bolas vencedoras.
Os dados com a raquete testada apontam Zverev salvou apenas 46% dos breakpoints que enfrentou. A média do alemão é inferior aos jogos em 2025 com a raquete habitual, que é de 63% dos breakpoints salvos.
Um dado estatístico, dado pelo Tennis Abstract, aponta que a dominância de Zverev em games de devolução é inferior a 1% por game dos jogos disputados no saibro, este ano, com a raquete em teste. Quando se observam os dados destas mesmas partidas em aces, o controle do alemão é de 7%. No saibro em 2025, Zverev teve até o momento uma média de 4,8 aces por partida e o dado é inferior a 6,7 de média na temporada 2024.
Com o saque mais forte, a tendência é que os tenistas tenham tática de buscar a rede na sequência. Desde 2024, a média de pontos que Zverev saca e busca a rede é de 14% por partida. Entretanto, comparando dados dos pontos vencidos pelo alemão na rede ou próximo dela ao subir é de 64% no piso rápido em 2025 e de 45% nos torneios sul-americanos. Com a raquete testada, Zverev venceu menos pontos indo à rede, mesmo mantendo sua média tática.
Reportagem com dados da InfoStrada e Tennis Abstract.