Por Fabrizio Gallas - Dois pesos, duas medidas. Essa é a primeira frase que surge na cabeça do mundo do tênis como um todo com a resolução do caso de doping de Jannik Sinner.
Flagrado duas vezes com um esteróide. Por mais que seja um traço ou um bilionésimo de partícula e que possa não ter nenhum ganho de performance, o atleta é responsável pelo que se entra em seu corpo. O atleta e sua equipe.
Assim sendo, mesmo que de forma involuntária, o atleta deveria ter sido punido. Na verdade ele foi. Perdeu 400 pontos de Indian Wells mais US$ 350 mil em premiação que devolveu. Mas ficou extremamente barato. Foi suspenso provisoriamente por um dia, 4 até 5 de abril, depois mais alguns dias - de 17 até 20 de abril, mas conseguiram reverter e ele seguiu jogando e com boa performance. Deveria ter ficado fora por algum tempo por mais que não fosse muito.
As primeiras reações do mundo do tênis estão sendo extremamente negativas. Nick Kyrgios, o ex-top 10 Lucas Pouille, Denis Shapovalov já botaram a boca no trombone. A tendência é aumentar.
E aqueles atletas punidos também com traços, sem ganhos de performance, via contaminação cruzada que acabaram meses ou até mais de uma temporada afastados, sem poder jogar ? Caso por exemplo de Bia Haddad Maia ou o de Thomaz Bellucci. Mais recente de Simona Halep que após uma longa disputa no tribunal acabou tendo sua pena reduzida. Entre outros vários por aí. E outros sendo punidos por falharem três vezes ao avisar o local que estariam em 12 meses. Temos um caso desses no Brasil, o de Igor Marcondes, que vai voltar ao circuito ano que vem. Ou o sueco Mikael Ymer que até anunciou aposentadoria, mas voltou atrás após tomar 18 meses de gancho.
Como devem estar se sentindo esses atletas ?
O que temos, preliminarmente, é que Sinner foi beneficiado pelo sistema. Número 1 do mundo, fazendo história para a Itália, ganhando ou chegando longe em quase todos os torneios, os Big 3 se retirando e deixando uma lacuna no tênis e a necessidade de se ter ídolos e ter novas rivalidades como vem sendo os jogos dele contra Alcaraz.
Ainda temos um presidente da ATP que é italiano, Andrea Gaudenzi, o que até aumentar essas desconfianças.
O que é certo é que esse caso pode abrir precedentes muito ruins para o tênis. E deixa claro que as regras podem diferentes para quem está lá no topo e para quem é um simples mortal.
Curtinhas:
Não estou discutindo nada de caráter do atleta. Sinner parece ser um dos jogadores mais gentis e que fazem bem ao esporte, mas não se deve julgar o jogador somente pela imagem e sim pelo que está na regra e de acordo com o caso. E o exemplo deve ser dado. Não ficou nada boa essa resolução e tão pouco como o caso foi conduzido, por baixo dos panos.