Por Fabrizio Gallas - Tivemos uma noite de domingo daquelas para o tênis brasileiro. Elétrica. Primeiro o ambiente de Copa Libertadores entre Brasil x Chile na terceira rodada de Miami. Nem podemos dizer mais que é uma Copa Davis pois, infelizmente, esses tempos praticamente morreram, mas que foi uma 'guerra' isso foi.
Leia Mais:
Jarry comemora vitória sobre Wild e comenta sobre torcida
Wild se irrita e não cumprimenta árbitro
Entre em nosso canal no Whatsapp!
Thiago Wild conseguiu controlar bem o mental no primeiro set e teve suas únicas chances no segundo set logo no começo. Uma bola fácil para ir ao break-point que escapou, foi pra lua. Uma falha que pode ter sido capital. Ele se manteve firme no game, mas Jarry sacou demais e jogou muito firme. Um detalhe com alguns pontos jogando mais consistente, passado a bola mais alta sobre a rede e Wild acabou afobando, cometendo dois erros. O segundo set se foi e no terceiro o chileno ganhou confiança e não deu chances. Diria que foi muito mais mérito do chileno, que é 23 do mundo e tem mais de um título ATP no currículo, ou seja, tem mais experiência que o brasileiro.
A evolução de Wild é notória nos aspectos técnicos, táticos e físicos. A saque é mais potente e eficiente. Ele caiu de pé neste domingo e fez mais uma grande campanha no piso duro e em um torneio grande, um Masters 1000. Vem aí a temporada de saibro onde ele escolheu ATPs 250 para começar em Marrakech e Bucareste, depois deve ir para Madri, Roma e Roland Garros. A expectativa fica mais alta. O tênis que vem jogando é digno de no mínimo um tenista do top 50, por vezes muito além disso.
Ao mesmo tempo em Assunção, no Paraguai, uma final 100% brasileira entre os jovens Gustacvo Heide e João Fonseca. Que jogo tivemos amigos. 3h15min de batalha cheio de alternâncias, pontos lindos, público igual elétrico, pendendo um pouco mais pro lado do carioca, um alto nível de tênis. E muita luta dos dois lados. Era a maior final para ambos, a primeira final profissional de Fonseca.
No fim aqueles dois, três primeiros games do terceiro set fizeram a diferença na questão mental e física e Heide usou sua maior experiência para levantar seu primeiro challenger. Agora ele estará entre os 175 melhores, se garantindo nos qualies dos próximos Grand Slams. Uma semana brilhante para o paulista de Ribeirão Preto que já havia batido com autoridade o top 100 Juan Varillas. Na semana anterior havia feito semi em Santiago, no Chile. Vem subindo aos poucos e pode sonhar com um top 100 ainda nesta temporada.
Para Fonseca a vaga no top 300 e o crescimento notório após algumas semanas de dúvidas em torneios no Chile. Crescimento físico e mental. Esteve a ponto de perder para Orlando Luz nas quartas, salvou match-points, esteve abaixo com quebra contra o 161 do mundo na semi no terceiro set e virou. Tênis é muito mais do que ter uma bola pesada na direita e esquerda ou um saque bom. É ter coração, físico e resiliência. Ele mostrou isso e ganhou alguns degraus para o futuro que promete ser brilhante. É bom lembrar que um dos melhores tenistas de nossa história, Thomaz Bellucci, perdeu suas duas primeiras finais de challenger também com pouca idade, ganhou futures pouco depois e desabrochou para o mundo do tênis tendo uma carreira incrível.. Fonseca disputou apenas sua primeira decisão e agora terá a oportunidade de jogar um ATP na Europa na semana que vem.