Sabalenka: 'Não queria ganhar um Slam e logo desaparecer'

Aryna Sabalenka, número dois do mundo, celebrou sua conquista do bicampeonato do Australian Open neste sábado ao bater a chinesa Qinwen Zheng, 15ª colocada, por 2 sets a 0 com contundentes 6/3 6/2.

“Estou sem palavras neste momento, não sei como descrever minhas emoções, mas com certeza estou super feliz e orgulhosa de tudo que consegui conquistar até agora. Estou feliz com o nível que mostrei hoje, ela é uma grande jogadora e uma adversária muito dura. Estou muito feliz por ter conseguido esta vitória, no final tudo é baseado em me divertir e curtir o processo, procuro ser fiel a essa filosofia com minha equipe e acho que isso transparece em nossos vídeos. Então isso me ajuda a manter o foco na pista, o mais importante é ter certeza de que aproveitamos o processo", disse a tenista. 

A tenista afirmou ter duas personalidades dentro e fora da quadra: “É positivo que ele possa ser duas pessoas diferentes, uma na quadra e outra fora. Se eu fosse sempre a mesma pessoa acho que não teria minha equipe perto de mim, acho que estaria sozinha (risos). Mas sim, demorei muito para me tornar o que sou agora em quadra, para ter esse controle de mim mesma e me entender melhor. Foi uma longa jornada, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Eu poderia me aposentar depois de hoje, mas não, ainda é muito cedo, ainda há muito que posso conquistar.”

Ela comentou o valor de seu segundo Grand Slam: "Durante muito tempo tive o desejo de não ser uma jogadora que ganha um Grand Slam e depois desaparece. Só queria mostrar que sou capaz de estar presente constantemente, que posso ganhar mais. Espero muito ganhar muitos mais, neste momento tenho dois, mas este tem sido muito importante. Por isso não importa o resultado, ganhe ou perca, estamos sempre trabalhando duro e buscando coisas para melhorar meu jogo. É tudo uma questão de processo, de disciplina, de estar sempre presente.”

“Tem sido um pouco diferente, agora não tenho estado tão emocionado em quadra, embora antes do jogo tenha sentido o mesmo. Sabe, é a vontade de tudo começar e pular para a pista, o normal é ficar super animado. Ainda estou muito emocionada fora da quadra, mas assim que entro sinto que estou no controle e pronta para isso. Comparado ao ano passado, sinto que sou alguém completamente diferente. Comparado ao US Open, também sou diferente, estou mais controlada e não deixo o resto dos fatores entrar na minha cabeça, foco mais em mim mesmo. Isso para mim é uma grande diferença.”

Ela deixou uma mensagem para sua família: "Tenho muitas saudades deles, claro que mantemos contato por telefone, mas é diferente da vida real. Estava conversando com minha mãe e já brigamos sobre onde colocar o troféu, ela está muito brava agora (risos). Mas sim, me sinto longe deles, mas estou feliz por termos nos visto na pré-temporada, passamos um tempo juntos em Dubai. Estamos longe, mas não exatamente. Não costumo falar deles em discursos oficiais, mas desta vez queria ter a certeza de que sabem o quanto significam para mim, que são a minha maior motivação e que estou a fazer tudo por eles”.

“No ano passado mostrei que posso jogar bem em todas as superfícies, aquelas duas semifinais me emocionaram muito, perdi as duas partidas contra duas jogadoras incríveis, eles mostraram um nível impressionante, mas senti que estava muito emocionada novamente. Definitivamente acho que estou trabalhando muito para corrigir essas coisas, vamos continuar construindo nessa mesma direção porque sei que posso fazer o mesmo na grama e no saibro. Espero que em 2024 consiga atingir os mesmos objetivos nestas duas superfícies.”

"Houve momentos em que eu realmente acreditei que nunca iria ganhar um Grand Slam, principalmente naquele período em que cometia tantas duplas-faltas e não conseguia consertar. Foram muitos altos e baixos, mas eu não queria desistir. Senti que tinha que continuar fazendo o que estou fazendo, lutando pelo meu sonho e me certificando de que havia algo comigo, que meu pai estava me observando e que estava orgulhoso de mim. Se não parei naquele momento foi por causa da minha família, tudo isso me deixa muito nostálgico, mas no final do caminho é onde você vê se estava destinado a isso ou não. Você apenas tem que parar de pensar negativamente, nada mais.”

Ela destacou a promessa que havia feito ao seu pai: "Foi muito importante para mim, era o meu sonho, mas ainda há muitos que quero alcançar, muitos objetivos que não tenho. Foi muito importante me abrir no documentário, sinto que preciso estar conectada com meus seguidores, ajudá-los a conhecer minha história, as coisas que me inspiram podem inspirar outra pessoa. Agora que tenho meus dois títulos de Grand Slam, tenho certeza que isso me dará mais confiança e crença em mim mesmo. Agora posso olhar para trás e ver que todo o trabalho de tantos anos valeu a pena, que estava seguindo o caminho certo. Meu pai é minha maior motivação, ele foi tudo para mim, mas agora tenho minha mãe, minha irmã e minhas avós, tenho que pensar nelas. Sinto que ele está sempre comigo, sou muito grata por tudo que ele fez por mim, se não fosse ele eu não estaria aqui agora. Estou onde deveria estar, isso é o mais importante.”

Ela destacou a pressão que sente mesmo sendo campeã de Grand Slam: "Senti que a partir daquele momento comecei a jogar um pouco mais liberada, a não me preocupar tanto com as coisas, mas na realidade não é tanto assim. Você ainda sente o mesmo, ainda quer muito e ainda trabalha duro para isso, ainda tem que ir lá e mostrar o seu melhor nível. Basta olhar para todos aqueles campeões que, depois de vencerem seu primeiro Grand Slam, não importa se ganharam mais quinze, ainda choram. A pressão é a mesma, as expectativas também, você quer do mesmo jeito. “Será sempre um momento muito emocionante.”