Por Gustavo Loio - Se alguém me dissesse que a maior invencibilidade (33 jogos), em Grand Slams, da atualidade, seria encerrada de maneira tão impecável e convincente, eu, no máximo, iria rir.
Achava pouquíssimo provável que alguém teria condições de desbancar Novak Djokovic nas semifinais do Aberto da Austrália.
Méritos totais para Jannik Sinner, que sobrou em quadra contra o recordista de Grand Slams (24) e de títulos em Melbourne (10). Desde o início do jogo, o jovem italiano, aos 22 anos, sufocou o temido rival.
Até esta sexta-feira, o maior feito do italiano em Slams tinha sido em Wimbledon, ano passado, quando parou nas semifinais.
Um número que mostra a superioridade de Sinner contra Djokovic é que, em apenas 1h14min de partida, o italiano já vencia por 2 sets a 0. E o atropelo do inédito finalista de Slam só não foi maior porque Djokovic, bravamente, salvou um match-point no tiebreak do terceiro set. Ali, para ele, era tudo ou nada.
Quando Nole respirou ao ganhar o terceiro set, pensei que teria início mais uma virada épica do número 1 do mundo. Há dois anos, na primeira vez que ambos se enfrentaram em Slams, nas quartas de final de Wimbledon, Djokovic perdeu os dois primeiros sets, mas virou pra cima do talentoso italiano.
Diante de um dos maiores devolvedores de saque da história, Sinner não precisou salvar nenhum break point. Em todo o jogo. Em Grand Slam, em jogos do sérvio, isso é absolutamente inédito.
A atuação de Sinner (que venceu 19 das 20 partidas desde outubro) foi tão próxima da perfeição que é até difícil dizer o que ele fez melhor: o saque ou a devolução. O italiano foi impecável nestes dois fundamentos.
O número 1 do mundo parabenizou o adversário pela enorme vitória e reconheceu ter sido uma de suas piores atuações em Grand Slams até hoje. Sinceramente, acho desnecessário e errado Djokovic criticar sua atuação nesta semifinal, soa como um desmerecimento do adversário.
Acredito que a maneira com que Sinner entrou em quadra e se impôs desde o primeiro ponto é que acabou provocando uma partida tão “ruim” do sérvio. De fato, Nole errou umas bolas, tanto de direita quanto de esquerda, que, normalmente, ele não costuma errar.
Provavelmente, contra muitos outros jogadores, Djokovic teria saído de quadra vitorioso nesta sexta, mesmo com a atuação tão “ruim”.
Sufocador x Malvadão
Domingo, em sua primeira final de Slam, Sinner encara outro favorito, o russo Daniil Medvedev, que virou pra cima do alemão Alexander Zverev por 3 sets a 2.
Será a primeira vez que eles se enfrentam em um Slam e logo numa decisão, que também valerá um troféu inédito para o russo.
Medvedev e Sinner vão duelar pela 10ª vez na carreira, e o retrospecto é favorável ao russo, que ganhou seis. Mas Sinner levou a melhor nas últimas 3 (nas finais de Pequim e Viena e na semi do ATP Finals, todas ano passado).
Promessa de mais uma final épica.
Sobre Gustavo Loio
Jornalista formado em 1999 e pós-graduado em Assessoria de Comunicação, já trabalhou com Gustavo Kuerten. E, também, nas redações da Infoglobo (O Globo, Extra e Época), do Diário Lance! e do Jornal O Dia, além do site oficial do Pan de 2007, no Rio.