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Serena Williams: trajetória de lutas e polêmicas em quadra

Sexta, 02 de setembro 2022 às 23:37:41 AMT

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Tênis Profissional

Por Ariane Ferreira – Oriunda de uma família de origem simples do interior da Califórnia,
Serena Williams é a mais nova das cinco filhas do casal Oracene Prince e Richard Williams e
desde muito cedo esteve diante de lutas cotidianas, em especial contra o racismo.



E é exatamente neste ponto sensível de sua existência, o preconceito sofrido por sua cor de
pele, que Serena vive a primeira grande polêmica de sua carreira, aos 19 anos e jogando em
seu estado natal. Foi nas quadras de Indian Wells em que Serena ouviu ofensas racistas de
seus compatriotas enquanto enfrentava a talentosa belga Kim Clijsters na grande final.
Naquela ocasião, Serena entrou vaiada em quadra e ouviu ofensas durante toda a partida. A
razão de tamanha revolta no público se deu com a acusação da russa Elena Dementieva, então 11ª da WTA, de que o pai das irmãs Williams “decidiria quem ganharia o torneio”. Dementieva foi eliminada por Venus Williams, então 3ª, com placar de 6/0 6/3 nas quartas de final. A partida adiante seria um duelo entre as irmãs Williams para definir a finalista, porém, com uma lesão no ombro Venus não entrou em quadra e por W.O Serena se garantiu na grande
final.
Não apenas Serena foi vaiada e ofendida pelo público em Indian Wells, como Venus e o pai
também foram ao se colocarem no ‘box’ de Serena para acompanhar a partida. O trauma fez
com que as irmãs Williams decidissem não mais competir no torneio californiano. Serena
retornou à Indian Wells em 2014, numa das mais emocionantes entradas em quadra da
história do esporte (vídeo abaixo). Venus retornou no ano seguinte.

Ainda assim, o episódio em Indian Wells 2001 é um dos mais traumáticos da carreira e vida de Serena. “Lembro que estava jogando uma partida infame em Indian Wells. Foi difícil para mim. Nunca vou me esquecer de dirigir de volta… me lembro de entrar no carro e gritar. Eu estava no posto de gasolina, não havia comemoração e eu só estava chorando e chorando”, disse ela no início deste ano em entrevista ao Red Table Talk.
A norte-americana seguiu: “Mesmo quando voltei 14 anos depois, foi muito traumatizante.
Fala-se sobre estresse pós-traumático e ansiedade mental. Lembro-me de estar sentado no
banheiro pensando: ‘Espere, não vou voltar. Só não acho que devo fazer isso. E se eles
começarem a vaiar de novo?’ Foi muito difícil para mim”, confessou.
Em sua carta de anúncio de aposentadoria, Serena recordou que nunca foi conhecida em
quadra pela “classe e polimento” que sempre foram exaltadas em sua irmã Venus. “Eu sempre demonstrei minhas emoções, boas e ruins”, recordou no texto e foi com esses traços que Serena viveu as situações mais polêmicas de sua carreira nas quadras de Flushing Meadows, onde se despedirá do tênis.
Em 2009, na disputa de semifinal do US Open, novamente num confronto contra Clijsters,
Serena protagonizou sua desclassificação do torneio, após ter ameaçado uma árbitra de linha.

Tudo aconteceu quando a norte-americana perdia a partida em 4/6 5/6 e sacava pela
sobrevivência e tentar uma virada, como aconteceu na fatídica partida em Indian Wells. Ao
sacar com 15-30, Serena acabou cometendo uma “foot fault- falta de pé” (atingiu a linha da
quadra antes de finalizar o saque) e deu a belga o “match-point”. Serena não gostou nada da
marcação feita pela árbitra de linha, Shino Tsurubuchi , e iniciou uma discussão e tendo feito
ameaças a profissional: “Eu juro por Deus que vou pegar essa bola e enfiar sua goela abaixo”.
Tsurubuchi buscou a autoridade máxima em quadra, a árbitra de cadeira Louise Engzel, que
pediu a presença dos fiscais de arbitragem do torneio, para aplicar o “penalty point” (ponto de penalidade) e assim eliminar Serena com placar de 6/4 7/5 para a belga.

Serena foi multada em US$ 10 mil dólares e posteriormente a multa foi ampliada para US$ 175 mil, dada investigação sobre as falas de Williams.
Dois anos mais tarde, a árbitra Eva Asderaki entrou em cena de uma nova polêmica de
Williams, desta vez como vítima do nervosismo da americana, que a chamou de “perdedora”
após receber um “warning” (alerta) por gritar “Vamos” (Come on) e atrapalhar a adversária,
Samantha Stosur, durante a final. “Se você me vir andando pelo corredor, olhe para o outro
lado”, disse Serena diretamente Asderaki. Aquela final Serena perde em 6/2 6/3.

A última grande polêmica da carreira de Serena foi vivida na grande final do US Open 2018.
Serena perdia o duelo contra a japonesa Naomi Osaka em 2/6 2/3 e recebeu um “penalty
point” do árbitro de cadeira português Carlos Ramos, que punia o fato dela ter quebrado uma
raquete. A norte-americana questionou o árbitro do porquê de não receber um “warning” e
ouviu que já havia recebi o “alerta” por “coaching” (orientação do treinador) e aí começou a
confusão.
Serena iniciou uma grande discussão com Ramos, afirmou que “não era trapaceira” para
precisar de coaching e o acusou de sexismo. Serena perdeu o game no saque da adversária e
acabou quebrada e perder novo ponto no 7º game, sendo quebrada. A norte-americana
acusou o português de “lhe roubar” pontos e solicitou a presença dos fiscais do torneio, que
mantiveram as decisões de Ramos.

Ao fim do jogo, Naomi Osaka não conteve o choro e frustração pela situação que marcou seu
primeiro título do Grand Slam.

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