A deportação de Novak Djokovic por não ter se vacinado contra a Covid-19 segue agitando o mundo do tênis. Nesta quinta-feira, foi a vez de Marian Vajda, técnico do número 1 do mundo, abrir o jogo pela 1ª vez sobre o assunto.
Em entrevista ao jornal sérvio Sport, Vajda opinou que Djoko foi injustiçado pelas autoridades australianas. As notícias, inclusive, mexeram com o aspecto psicológico do próprio treinador.
“Ainda não entendo porque fizeram isso a ele. Levo bastante tempo para assimilar essa injustiça. Além disso, a imprensa é uma das maiores culpadas por manipular a informação. Minha primeira reação foi de choque, sofrimento. Aqui na minha casa também vivi tudo isso. Não podia acreditar que algo assim estava acontecendo, não consegui dormir bem”, admitiu o treinador de Nole.
Apesar da decisão contra sua permanência em Melbourne e da forte repercussão, Djokovic recebeu muitas demonstrações de carinho do circuito, só que nem isso fez com que Vajda deixasse de desabafar sobre o pupilo. Para o mentor, faltou personalidade dos defensores de Nole em se expôr publicamente.
“Muitas pessoas escreveram a ele e a mim e sentiram muito o que aconteceu a ele. No entanto, elas não vão se pronunciar publicamente. Em nenhum lugar você vai ler sobre todas as noites que Novak passou no computador discutindo sobre as melhores condições do circuito, como podia ajudar e o que poderia fazer pelos jogadores (...) Durante toda a pandemia, ele lutou por todos. Também tenho a sensação de que muitos jogadores não têm fontes suficientes de informação, porque a imprensa os confunde e faz ficarem contra Djokovic”, opinou o técnico.
Enquanto Djokovic aguardava a decisão das autoridades trancado no hotel, Vajda permaneceu em Bratislava, na Eslováquia. O técnico reforçou seu apoio diário ao número 1 do mundo por mensagens. “Eu e ele nos escrevíamos muito, mas ele usou muito pouco seu celular. Eu mandava muitas mensagens de incentivo e as recopiava. Não consigo nem pensar como ele lidou com tudo isso, deve ter sofrido bastante. Suportou humildemente todas as sanções, mas o que foi feito contra ele foi um processo político. Com certeza isso terá consequências significativas. Vai ser muito complicado voltar a falar sobre isso. Acima de tudo, ele enfrentou uma invasão de privacidade, assim como sua família.”
PLANOS INDEFINIDOS
O episódio no Australian Open fez com que vários outros torneios se manifestassem em favor da vacinação dos atletas como requisito à disputa da chave. Na gira do saibro, por exemplo, diretores do Masters 1000 de Roma e de Roland Garros garantem que haverá a necessidade do protocolo, sem exceções.
Vajda critica. “Não entendo as decisões dos torneios e a importância em anunciar esse tipo de coisa agora. Não vai haver torneios no saibro até maio. O mundo ainda não sabe o que vai acontecer com a pandemia nem daqui um mês. De que forma vão e vamos nos proteger? Não quero subestimar toda a situação, é algo muito sério que acontece em todo o mundo, mas qual o motivo de termos que debater esse tema em janeiro?”
Quanto aos planos do número 1 do mundo, que está ameaçado de perto pelo russo Daniil Mevedev em Melbourne, Vajda faz mistério, porém garante que o episódio não será o ponto final da carreira de Djokovic.
“Ainda não falei com ele (Djokovic) desde que chegou em Belgrado. Ninguém sabe quais seus planos. Ele só falará quando considerar oportuno. Está claro que tudo isso o afetou psicologicamente, que vai doer bastante tempo e será muito difícil para tirar isso de sua cabeça. Entretanto, conheço meu pupilo muito bem. Novak é forte, firme e ainda não deu sua última palavra no mundo do tênis", garante Vajda.