Por Gilbert Bang - Australian Open, Rafael Nadal e dor lombar. Uma combinação que aconteceu em 2014 na final daquele Grand Slam que culminou com a vitória de Stanislas Wawrinka. Estamos em 2021 e o cenário se repete.
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A dor lombar é comum entre os tenistas de todas as idades e está relacionado principalmente a hiperextensão da coluna durante o movimento de saque. Outros fatores mais gerais também estão relacionados às lesões na coluna vertebral. A idade (maturidade esquelética ou envelhecimento), desequilíbrio entre volume e intensidade de treino e recuperação física, nutrição, fadiga, técnica, fatores mentais e emocionais compõe algumas das causas multifatoriais da lombalgia (dor na coluna lombar).
A maioria das lombalgias são inespecíficas, ou seja, dificilmente se encontrará uma causa bem definida para a dor. Entretanto esse sintoma, além do desconforto, causa limitação da mobilidade, ou seja, uma incapacidade motora, que prejudica o desempenho e rendimento físico.
A dor pode estar relacionada à sobrecarga de ligamentos, músculos, tendões, articulações, discos e nervos. A maioria é autolimitada, ou seja, melhora apesar de qualquer tratamento. Quando a dor se torna crônica se faz necessária uma intervenção para quebrar o ciclo de dor, incapacidade funcional, perpetuação/cronificação da dor. A reabilitação física visando fortalecimento e estabilização muscular melhora a postura e o funcionamento da coluna. Não há uma técnica melhor que outra, mas, de forma geral, qualquer exercício é melhor que nenhum.
Além dos medicamentos orais, fisioterapia, acupuntura, técnica mindfullness, há a opção da infiltração quando a cirurgia não está indicada. Ela pode ser feita nos músculos, ligamentos, articulações, próximo aos nervos e no canal central da coluna vertebral. Os benefícios são de curto prazo e nem todos que se submetem a esse tratamento ficará livre da dor. O alívio da dor permite melhor reabilitação e previne lesões secundárias decorrentes da má postura que inconscientemente o corpo adota para evitar o sintoma doloroso.
Ainda naquele ano de 2014, havia notícias de um tratamento que Nadal teria feito com células tronco, porém ainda não há padronização de métodos o que dificulta a análise de resultados. As infiltrações são realizadas com anestésicos e corticoides; os bloqueios de nervos podem ser feitos com as mesmas substâncias ou se queimando os nervos (técnica não recomendada); e nos músculos pode ser aplicada a toxina botulínica (sendo o Botox a marca mais conhecida).
O alívio da dor é uma etapa do processo de reabilitação e o encontro de um diagnóstico aumentará a chance de sucesso do tratamento.
Sobre Gilbert Bang
Gilbert Bang é médico fisiatra, mestre em Ortopedia e Traumatologia, médico do Centro de Reabilitação do Hospital Albert Einstein (SP), membro da Society for Tennis Medicine and Science (STMS).
Fale com o Bang: gilbertbang@hotmail.com