Por Gustavo Loio - As vitórias de Rafael Nadal, especialmente em Grand Slams, costumam ser uma verdadeira aula. E superação é uma das principais características do Rei do Saibro, que tantas vezes ficou fora de combate devido às muitas lesões.
Lutar do início ao fim dos jogos sempre foi uma marca registrada do tenista nascido em Palma de Mallorca. Neste domingo não foi diferente, na avassaladora vitória diante de seu maior algoz, o sérvio Novak Djokovic, na decisão de Roland Garros, por 6/0, 6/2 e 7/5.
Quando todos esperavam uma partida equilibrada, como têm sido os embates entre ambos, o espanhol atuou com perfeição, como (elegante e justamente) reconheceu o rival. Com exceção da semifinal, contra o argentino Diego Schwartzman (seu carrasco no Masters 1000 de Roma), Nadal chegara à decisão sem enfrentar cabeças-de-chave, o que poderia deixar dúvidas sobre como ele estaria na partida deste domingo. Não que duelar com outros tenistas bem rankeados fosse, necessariamente, um problema para o número 2 do mundo em seu torneio preferido.
Problema, na verdade, teve Nole na Philippe Chatrier neste domingo. O sérvio até usou grande parte de seu vasto repertório, mas, em linhas gerais, o espanhol tinha uma resposta para cada tentativa do adversário. Por exemplo, as curtinhas, que o líder do ranking tão bem usou em toda a campanha, não surtiram tanto efeito neste domingo. Muito mais por méritos do recordista de títulos em Paris do que por falha de Djokovic.
Foi o 56º duelo entre ambos e, apesar de levar desvantagem no retrospecto (são 27 vitórias e 29 derrotas), o espanhol é o único a ter aplicado um pneu (6/0) em todos esses confrontos. E não foi a primeira vez: ano passado, na final em Roma, o triunfo foi por 6/0, 4/6 e 6/1.
Nadal também tem dado uma aula de empatia desde o início da pandemia por conta da Covid-19. Tanto que abriu mão de disputar o US Open, mês passado, colocando em dúvida os protocolos de segurança do torneio, e fez questão de homenagear as vítimas ao erguer o 13º troféu em Paris.
Além de igualar o gênio suíço Roger Federer em número de Slams (20), o Rei do Saibro tem, apenas na capital francesa, quase os 14 Majors do fantástico Pete Sampras. Durante alguns anos, o americano liderava com folga esse quesito. Até que Federer o ultrapassou, depois Nadal e, em seguida, Djokovic (hoje com 17).
Quem vai ser o melhor da história é uma pergunta recorrente nas últimas temporadas. Tão difícil quanto respondê-la é imaginar como será o circuito sem o espetacular trio Federer-Nadal-Djokovic.
Não há dúvidas de que um eleva ao máximo o nível dos outros. Nadal merece todos os aplausos pela nova conquista em Roland Garros, numa hegemonia jamais vista em qualquer torneio, mas a corrida pelo recorde de Slams parece longe do fim.
O tênis agradece.
Sobre Gustavo Loio
Jornalista formado em 1999 e pós-graduado em Assessoria de Comunicação, já trabalhou com Gustavo Kuerten. E, também, nas redações da Infoglobo (O Globo, Extra e Época), do Diário Lance! e do Jornal O Dia, além do site oficial do Pan de 2007, no Rio.