Por Gustavo Loio - Maturidade é uma das muitas armas de Naomi Osaka. E não é de hoje. Em 2018, então aos 20 anos, a japonesa teve sangue frio (além do talento, claro) para derrotar ninguém menos que Serena Williams na decisão do US Open.
O título, seu primeiro de Slam, veio numa partida marcada pelo bate-boca entre a anfitriã e o árbitro Carlos Ramos.
Neste sábado, novamente na Arthur Ashe, desta vez vazia, por conta da pandemia da Covid-19, a japonesa teve novamente maturidade para se recuperar após um péssimo primeiro set. Sim, é verdade, Naomi chegou a se revoltar com seus erros e jogou a raquete no chão.
Mas logo a bicampeã do Grand Slam americano se reencontrou na partida e virou pra cima da guerreira bielorrussa Victoria Azarenka.
Novamente, não foi apenas o tênis de Osaka que chamou a atenção. Engajada, a tenista usou, em todas as partidas em Nova York, máscaras em homenagem a vítimas de racismo, como o americano George Floyd, cujo assassinato por um policial branco gerou comoção mundial.
Na coletiva pós-título, a bicampeã fez questão de homenagear Kobe Bryant, o astro do basquete americano que faleceu em 2020 vítima de acidente de helicóptero.
A simplicidade e a solidariedade são outras virtudes de Naomi. Em 2019, ela fez questão de consolar a anfitriã Coco Gauff, que estava aos prantos, ao derrotá-la na Arthur Ashe. Na ocasião, Osaka quebrou o protocolo e insistiu para que a rival (derrotada por 6/3 e 6/0) concedesse entrevista em quadra (normalmente, apenas as vencedoras têm essa chance).
E o que dizer de Azarenka? Embora tenha batido na trave novamente em Flushing Meadows (como em 2012 e 2013), a bielorrussa merece também muitos aplausos. Afinal, após ficar nove meses fora de combate por ter brigado na justiça pela guarda do primeiro filho, nascido em 2016, mostrou estar em grande forma. Pelo que vem mostrando, ela tem tudo para lutar por mais títulos nos principais torneios. Desde a edição do US Open de 2013 que Azarenka não chegava tão longe em um Major.
Voltando a Naomi, foi seu terceiro título de Slam em três finais (ela também vencera o Aberto da Austrália de 2019). É tão raro uma tenista vencer suas três primeiras decisões de Grand Slam que a última a alcançar tal feito foi a americana Jeniffer Capriati, no torneio australiano de 2002 (no ano anterior, vencera pela primeira vez em Melbourne e em Roland Garros).
Enfim, aos 22 anos e com tanto tênis e títulos pela frente, Osaka é um oásis pra quem aprecia jogadoras com atitude dentro e fora das quadras. Ela faz um bem enorme ao esporte.
Sobre Gustavo Loio
Jornalista formado em 1999 e pós-graduado em Assessoria de Comunicação, já trabalhou com Gustavo Kuerten. E, também, nas redações da Infoglobo (O Globo, Extra e Época), do Diário Lance! e do Jornal O Dia, além do site oficial do Pan de 2007, no Rio.