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Campeão Mundial acredita que saída do Beach Tennis da ITF não é um bom caminho

Domingo, 14 de junho 2020 às 21:30:06 AMT

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Tênis Profissional

Por Fabrizio Gallas - Campeão Mundial pela Seleção Brasileira em 2013, Guilherme Prata, conversou com o Tênis News em live feita no último sábado no Instagram e comentou que a saída do esporte da ITF não seria a adequada.



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O esporte chegou para a ITF em 2008, mas mais de vinte atletas, quase todos entre os trinta melhores do mundo do masculino, criaram uma associação independente, a ABTP, em fevereiro, reinvidicando melhorias no esporte junto à ITF. Esta semana essa associação ironizou, em publicação, a ajuda de pouco mais de US$ 5 mil anunciada pela entidade a ser distribuída para todas as confederações nacionais. Eles queriam isenção do IPIN (US$ 30/anuais) e incentivo aos organizadores com isenções de taxas até 2021.

Este ano também, as organizações de dois dos maiores eventos do mundo, Copacabana e Aruba, anunciaram a criação dos Grand Slams do Beach Tennis, se desvinculando da ITF.
"Eu acho injusto o investimento que os jogadores profissionais fazem na carreira deles com o que eles recebem. Eu concordo e entendo que os jogadores são semi-profissionais, eles controlam a alimentação, treinam, e eu entendo a raiva quando não se tem uma reciprocidade financeira em termos de patrocínio ou premiação, entendo a raiva deles, mas a verdade que temos que pontuar, mas o Beach Tennis é pequeno", disse o carioca dono da Elite.bt.
"Quantos seguidores do Instagram têm os principais jogadores, Calbucci, Vini Font, Capeletti ? Até onde eu sei os que têm mais seguidores são o Vini e Chaparro em torno de 17 mil",disse Gui Prata pontuando questões de mídia com raras transmissões pela TV e grandes patrocínios.
"Aí o atleta diz que ganha muito pouco, mas ganha pouco pois o esporte é mais amador que profissional, não está em nenhuma mídia de massa constantemente."
Para o carioca, que parou de jogar grandes eventos por uma série de lesões, a mais grave no joelho, o esporte ainda precisa se organizar melhor para ser mais atrativo: "Beach Tennis ir para a TV hoje em dia acho que não está pronto, no formato que a gente está, não acho que seja produtivo minha opinião, mas temos uma pressa para o Beach Tennis virar Olímpico. O esporte não está pronto para ser Olímpico. Não temos regras, não temos árbitros. As pessoas começam a confabular. Não somos um esporte Olímpico e não seremos nos dois próximos  ciclos olímpicos. O esporte não tem dinheiro. O Beach Tennis tem que ter um foco no profissional, mas um foco muito maior no que vai ao redor do jogador profissional e dos torneios profissionais".
Para Prata, uma eventual saída na ITF poderia tirar qualquer chance de ir aos Jogos Olímpicos, sonho de todos os atletas.
"Se a gente tirar o esporte da ITF aí é que não teremos Olimpíada nunca. Você vai falar que uma entidade vai ser criada porque o dinheiro não está chegando na mão dos jogadores profissionais e isso está gerando todo o movimento, porque a ITF não destina o dinheiro para o Beach Tennis e a CBT não destina o dinheiro para o Beach Tennis, essas entidades estão no Brasil inteiro e no mundo todo, " disse o ex-top 8 mundial que hoje é treinador, tem escolinhas espalhadas pelo Rio de Janeiro e capacitador de professores no Brasil da Confederação Brasileira de Tênis.
 "O Beach Tennis deveria seguir os exemplos do tênis, do golfe com um circo/atmosfera melhor para todos os envolvidos. Jogadores, patrocinadores, organizadores, público, enfim, seguir o passo passo para criar o ecossistema do circuito de Beach Tennis. Todos dependem indiretamente ou diretamente de todos. "

Gui Prata usou exemplos do vôlei de praia e do futsal: "O Vôlei de praia foi criado na década de 80 se não me engano, hoje, foi acertado ficar com a FIVB, federação mundial. Quando surgiu o vôlei de praia teve essa discussão também e hoje temos um circuito mundial e nacional todo formatado, com televisão, patrocínio. Se a gente analisar o case vôlei de praia foi muito bom ter ficado com a Federação. Se olharmos o futsal que por muito tempo ficou brigado com a FIFA e não cresceu. Não sou contra federações a parte, sou contra se abrir uma federação sem nenhum plano real de negócios. Ah mas aí falam em abrir novos circuitos, ok, tudo bem. Mas se seguirmos assim e o circuito atual sumir, talvez em cinco anos não tenhamos um circuito mundial. Quando o foco é exclusivamente o dinheiro, quando acabar a grana aquilo para de existir."
Para Gui Prata, os torneios de Copacabana e Aruba deveriam reavaliar a premiação redistribuindo melhor aos jogadores ao invés de oferecer apenas a partir da semifinal.
"Premiação de primeira, segunda rodada faz toda a diferença para aqueles que não tem patrocínio. Esses dois megaeventos a proposta de fazer premiação somente na semifinal , tá errado. Uma chave de 32 no masculino, 24 duplas no feminino, você acha que todo mundo ali chega na semifinal ? Temos que filtrar um pouco o que é uma coisa pelo crescimento do esporte real e o que é interesse apenas financeiro à curto prazo. Esse lance de tirar premiação de primeira, segunda, terceira, quarta rodada e jogar mais pra frente, pra mim isso é um crime, é uma tentativa de premiar mais quem está no topo, e eles merecem, mas em detrimento de quem está começando ou está lá embaixo. Merecem ganhar mais dinheiro se o esporte tiver mais dinheiro. 
Gui Prata se mostrou receoso com o futuro do Beach Tennis principalmente no processo da Itália onde os praticantes vêm caindo: "Temos que tomar cuidado ao ver o que está acontecendo no Beach Tennis hoje para não estar no mesmo cenário que está a Itália. Você sabe que na Itália o esporte está caindo, o mercado está caindo e vários de lá estão no Brasil. Temos vários casos ao redor do mundo que podem ser estudados para acharmos um caminho melhor. Só não sei se temos gestores capazes o suficiente para fazerem isso. Esse é meu medo, meu receio."   O ex-atleta opinou sobre a ajuda da ITF ao esporte e achou o valor muito baixo: "Toda ajuda é válida, mas acho que 5 mil dólares, você dar para a Confederação Brasileira de Tênis para o Beach Tennis não vai fazer diferença alguma, se forem distribuir por cada federação do país com 26, 27 estados seria em torno de 1 mil reais para cada uma, não vai ajudar em nada. Agora o pessoal também reclama de tudo. Eu tenho sido muito duro com minhas opiniões sobre isso. A ITF vai dar dinheiro para os jogadores como ? A ITF tem que dar para as entidades e elas distribuirem como bem entenderem, para mim é o caminho mais correto. Se a CBT vai usar bem ou não esse dinheiro, é outra coisa. Esse valor é simbólico. Seria melhor pegar esse valor e reverter em cestas básicas e dar para as federações e elas fazerem o que quiserem". 

 

 

 
 
 
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