Por Gustavo Loio - Catarinense como seu maior ídolo, Guga, Ymanitu Silva escreveu um capítulo inédito na história do tênis brasileiro em 2019. Em Roland Garros, ele se tornou o primeiro cadeirante do país a disputar um Grand Slam.
Crédito: Divulgação/FILA
Em entrevista exclusiva ao Tênis News, o número 8 do mundo e atleta da ADK Tennis, do Itamirim Clube de Campo, em Itajaí (SC), fala dos desafios de praticar a modalidade em cadeira de rodas no Brasil e um pouco de sua trajetória no esporte. O tenista disputa a categoria quad, para atletas que têm deficiências em três ou mais partes do corpo.
Hoje com 36 anos, Ymanitu, aliás, tem como um dos patrocinadores a Fila, que acaba de lançar a campanha Change the Game. O objetivo é aproximar o conceito através de histórias inspiradoras de pessoas que mudaram o jogo.
"Criamos um projeto que carrega o propósito, a visão e a essência da marca reforçando através de histórias reais que a Fila é a marca que muda o jogo. Não é sobre vencer, é sobre ter coragem de desafiar e inspirar o desafio", conta Natália Gramari, gerente de marketing da Fila.
Abaixo, a entrevista com Ymanitu, eleito de 2016 a 2018 o melhor tenista no Prêmio Paralímpico:
Quando e onde você começou a jogar tênis ?
Comecei na minha infância, aos 10 anos, e parei aos 17, quando os custos pra me tornar profissional iam ser altos demais, e minha familia não tinha condições.
A partir dai comecei a estudar, fazer faculdade de Farmácia pra tocar o negócio da família:uma farmácia no centro da cidade.
Onde você conheceu o tênis para cadeirantes?
Me acidentei aos 24 anos, e foi quando conheci o tênis em cadeira de rodas. Na ocasião eu estava internado no hospital Sarah Kubitscheck, e lá participei de uma clinica em que me mostraram a modalidade. Foi uma paixão à primeira vista, ali vi a possibilidade de ser um tenista profissional e realizar os meus sonhos de criança.
Qual a importância deste novo projeto da Fila na sua carreira?
Participar desse projeto da Fila é muito importante, pois me dá a possibilidade de mostrar todo o meu trabalho, e divulgar a minha modalidade, onde tenho uma rotina de treinos e torneios igual aos andantes.
Como foi participar daquela exibição no Rio Open?
Foi uma ótima oportunidade pra divulgar a nossa modalidade, nossa carreira e também mostrar o grande apoio que temos da marca. A Fila nos trata por igual aos jogadores andantes, pois sabe que nossas conquistas e rotinas são tão intensos quando a esses
O que significou pra você ser o primeiro brasileiro cadeirante a disputar um Grand Slam?
Foi a realização de um sonho que eu tinha quando criança, onde eu via os jogos do Guga. Pude ver o fruto do trabalho duro, da dedição de anos sendo colhida. Maior alegria foi ter a torcida pessoal do Guga nos meus jogos. Então, isso mostra que estou no caminho certo e sou muito grato a todos que contribuiram para que isso acontecesse e tornasse realidade, (família, treinador, confederação, Federação Catarinense, Comitê Paralímpico Brasileiro, Bolsa Atleta, Loterias Caixa, Havan e Fila) todos que estão por junto, me dando esse suporte super necessário.
Quem é sua maior inspiração?
O Guga.
Quais os maiores desafios para um cadeirante viver no Brasil?
Os maiores desafios pra um cadeirante viver aqui são:
Acessibilidade, que vem melhorando mas é preciso ainda mais.
Ter acesso aos materiais de uso contínuo com valores melhores, exemplo disso é a cadeira de rodas, que ainda tem um valor muito alto, é um item de necessidade básica.
No esporte, vejo a visibilidade e obtenção de patrocínios, através de empresas privadas são as maiores dificuldades. Graças a Deus, tenho bons patrocinadores, como CBT, CPB, Bolsa Atleta, Loterias Caixa, Havan e Fila.
Sobre Gustavo Loio:
Jornalista formado em 1999 e pós-graduado em Assessoria de Comunicação, já trabalhou com Gustavo Kuerten. E, também, nas redações da Infoglobo (O Globo, Extra e Época), do Diário Lance! e do Jornal O Dia, além do site oficial do Pan de 2007, no Rio.