Por Fabrizio Gallas e Marden Diller - Fernando Romboli, que desde pequeno vive no Guarujá (SP), é mais um brasileiro buscando o lugar ao sol no circuito na modalidade de duplas e nas últimas semanas furou a barreira do top 100 atingindo esta semana o 95º lugar.
O carioca de nascimento já teve bons lampejos em simples chegando entre os 250 melhores em 2011 com final de challenger na Colômbia e um título em 2015 em Cali. Antes viveu com o fantasma que vem atormentando tenistas brasileiros recentemente como Bia Haddad Maia, Thomaz Bellucci, Igor Marcondes e Marcelo Demoliner, o doping por contaminação cruzada em suplementos vitamínicos. Foram oito meses de suspensão e lições a se tirar na temporada 2013.
“Aa lição que eu tiro é que a gente é profissional, mas não tem estrutura de profissional. Quem tem estrutura para não sofrer uma contaminação dessas é só o pessoal top 30. Então, infelizmente o que você tem que fazer é não tomar suplemento, só pode tomar suplemento de laboratório fixo, como o GNC, nos Estados Unidos, por exemplo, que são obrigados por lei a guardar amostras do suplemento, mas aqui não temos segurança nenhuma. Você vê, cara, o meu foi com um complexo vitamínico,” disse o tenista que não pode processar o laboratório farmacêutico que contaminou seu suplemento.“Não processei porque não pude. Pra você poder processar, ter força contra eles, é você ter um frasco, pelo menos, fechado. Compra dois, toma um e guarda o outro fechado para que, caso dê problema, você possa contestar. E eu conversei com o advogado e ele disse que o processo cairia pela falta de provas.
Romboli destacou que desde o caso nunca mais tomou manipulado: “O que eu fiz foi pegar as receitas do que eu precisava tomar, peguei um médico amigo meu e pedi para ele avaliar os suplementos da GNC que tivesse mais ou menos o que eu precisava e passei a comprar o que ele recomendou. Compro direto de lá e fico resguardado, porque eles são obrigados por lei a guardar amostras. Caso algo aconteça, eu só preciso entrar em contato e solicitar o lote tal e eles são obrigados a fornecer.”
O tenista apontou que na época ficou “revoltado” com o doping, mas o fez amadurecer.
Opção pelas duplas e future como "várzea do tênis"
Ele fez a opção há dois anos por se dedicar as duplas por questões financeiras. Segundo ele ficar jogando simples em eventos future seria o abismo na carreira.
“Deixei de jogar simples porque eu precisava investir e não tinha. Precisava investir em treinamento, viajar para jogar Future e simplesmente não tinha dinheiro. E em duplas, só pelo fato de estar jogando Challenger eu consigo me manter, porque não pago mais hotel. E eu sempre falo pra galera, se você joga Future e viaja sozinho, não tem uma estrutura, você precisa ter muito cuidado, porque te puxa muito para baixo. Cara, é a várzea do tênis! É muito difícil, tem cara de 35 anos e cara de 18, todo mundo querendo comer a bola e você é mais um lá. Daí você vai sozinho, perde na primeira rodada e tem que treinar, e se você não tiver força de vontade de treinar sozinho todos os dias você não evolui. Um moleque vai pra lá com estrutura, treinador e tudo é uma coisa, mas se você vai sozinho tem muita coisa para dar errado. Future você tem que entrar e sair o mais rápido possível, pois quanto mais tempo você fica, mais você patina e pior fica. Todos que saem dos Futures são ganhadores mesmo, porque não é fácil, cara, o nível é muito alto. Então foi por isso que eu fui para a dupla, mesmo ganhando pouco na dupla eu gasto menos. Hotel pago, tudo pago, torneios mais organizados.”
Depois de alcançar a meta de entrar no top 100 de duplas, Romboli foca entrar entre os 70 melhores neste ano e tem metas mais ambiciosas na modalidade. Ele fez quartas de final com Thiago Monteiro em Buenos Aires, na Argentina, jogou Córdoba e entrou no Rio Open com o húngaro Atilla Balazs perdendo jogo duro contra Marcelo Melo e Lukasz Kubot, dupla cabeça 2 do evento. O próximo compromisso é em Santiago, também com Monteiro.
“E agora é lutar, né? Porque na dupla tem um buraco grande ali do 110 até o 70 mais ou menos, pois é a partir dali que você começa a entrar nos Grand Slams e em alguns ATPs, e são esses torneios que precisamos jogar para subir. Por exemplo, eu sou 100 do mundo e sou jogador de Challenger ainda, mas se eu ganho um Challenger eu subo 5 ou 6 posições ali. Então é um buraco muito grande, pois são torneios pequenos para o meu ranking, mas ainda assim não tenho ranking para os maiores, por isso é tão importante aproveitar qualquer oportunidade de disputar um ATP. !uando chega nesse ranking começa a lutar por uma final ou título de ATP.”
“Minha meta é terminar entre os 70, com certeza, já conseguiria beliscar um Grand Slam e tudo mais. Mas além dessa meta de ranking, eu tenho meta de evolução, quero sentir que tô jogando bem, que tô evoluindo. Na carreira eu quero entrar ali no top 50, top 30. Não gosto de pensar muito para frente, gosto sempre de viver tudo a curto prazo. Mas espero conseguir poder investir mais em mim, ter um treinador de duplas, poder investir mais no meu jogo.”