David Ferrer, concedeu uma entrevista ao programa El Transitor da rádio espanhola Onda Cero e falou sobre a vida de pai, a preparação para a tour de despedida em 2019, sobre a facilidade de Federer jogar tênis e de quando percebeu que seu a carreira chegou ao fim
"A verdade é que me custou muito competir. Foi um ano que joguei um dois jogos e depois não conseguia ritmo, foi abaixo do que eu gostaria de render, mas não foi de todo o mal. Conquistei uma grande vitória pela Copa Davis, jogando em casa, em Valência, e essas são coisas para se celebrar. Aos 36 anos eu sei que já não consigo render o que gostaria. Eu sei que ganhei um bom torneio agora no fim do ano (Challenger de Monterrey, bateu o croata Ivo Karlovic), mas para se estar entre os 100 ou top 90. 70... não me compete mais estar aí".
Ferrer falou da vida de pai e disse que o grande problema é que seu pequeno Leo, de sete meses, "não gosta de dormir". Ao ser questionado quando 'colocará' o filho para jogar tênis, Ferrer conceituou: "Aos 7 anos, que é quando ele já consegue ter real controle do corpo e perceber o esporte. Mas é claro que será assim se ele quiser, se ele se divertir e querer. É importante que antes de tudo seja lúdico, que ele se divirta e que jogue com crianças de sua idade".
O espanhol foi questionado se conheceu mais jogadores forjados em quadra com trabalho duro, pelo qual sempre foi conhecido, do que naturalmente talentoso e refletiu: "Nossa. Muito mais forjados em quadra. Considero que o esporte é muito sobre a constância do dia a dia. Se você tem aquele talento em que pode fazer o que quer, mas não se dedica, és só um talento. Melhor quando se une os dois, porque quando se é talentoso, mas não há uma rotina de trabalho, tudo fica mais complicado".
Perguntado qual jogador precisou menos de treinamento e tendo a o entrevistador citado Roger Federer, Ferrer analisou: "Talvez Federer. Não sei por exato como treina Federer, mas se você compara Federer a Rafa [Nadall] ... talvez Federer não treine tanto porque o talento lhe faz ser mais natural. Ele tem essa facilidade para jogar, mas estou certo de que a barreira que lhe colocou Rafa o fez disciplinar-se e trabalhar duro em busca de evolução".
Ferrer ainda contou quando percebeu que o tênis já "não era mais pra ele": "Eu não faço distinção de quando se está em 3 ou quando se está em 110º, porque há quedas circunstanciais. No meu caso, comecei a não conseguir apresentar o tênis que gostaria, o rendimento caiu e aí o ranking trabalha, vc sai de 30 para 40 e depois 50 e quando vê, nestas situações se não conseguir apresentar-se bem, sai de 100. Eu quando sai dos 100 melhores, vi que o tênis não era [mais pra mim]. Para mim, estar em 100 do mundo não é um objetivo. Amo o tênis, mas profissionalmente estar aí não é o que almejo. Dali não dá pra jogar os melhores torneios contra os melhores jogadores. Tudo na vida tem começo, meio e fim".
O vice-campeão de Roland Garros 2013 ainda contou como está a vida de pai e disse que o filho Leo, de sete meses, não dorme à noite, o que para ele que tem hábitos de atleta é um problema: "Leo é um menino muito simpático, sorridente, mas não à noite. Durante a noite ele não é assim. Ele não gosta de dormir. Meu pai diz que eu fazia igual, devo estar pagando por isso (risos)", declarou.
O ídolo espanhol não tem pressa em colocar o pequeno em uma quadra de tênis. Dono de uma academia de tênis em Javea, que atende de crianças a profissionais como o ex-top 30 Pablo Andújar, Ferrer disse que a idade ideal, caso o filho queira, é a partir dos sets anos, onde segundo ele "a criança tem melhor noção do próprio corpo".