Aos 28 anos, a norte-americana Madison Brengle está processando a Federação Internacional de Tênis (ITF) e a Associação das Tenistas Profissionais (WTA) em uma demanda de US$ 10 milhões por abusos causados pelo controle antidoping.
Através de um dos mais importantes e famosos advogados dos Estados Unidos nos esportes, Peter R Ginsberg, Brengle argumenta que é portadora de uma síndrome rara, conhecida como 'Síndrome de Dor Regional Tipo 1', que lhe causa problemas e efeitos colaterais como lesões e dores, após ter sangue retirado de suas veias.
A tenista sofre de dor extrema, inchaços, hematomas e queimação no local da aplicação de agulha.
"As autoridades do tênis ignoraram a evidência do diagnóstico e se recusaram a buscar uma alternativa. A forçaram a se submeter a isso, mesmo conhecendo sua situação e as consequências que isso lhe ocasionaria. Seguiram submetendo Brengle a exames e isso fez com que fosse obrigada a desistir de torneio e como resultado, seu braço dominante - o direito - e sua mão sofrem de inchados e dores", explicou o advogado através de um comunicado enviado à imprensa.
Parte do processo cita nominalmente o coordenador do programa anti-doping da ITF John Snowball, que segundo o processo foi "grosseiro e abusivo" com a tenista. Em 2016, conta o processo, Snowball disse em público que Brengle era "mentirosa". "Foi depois de ela reclama que tinha uma condição médica de que não poderia ser submetida a processos intravenosos. Ele a acusou também de mentir sobre isso no último Australian Open", pontuou o advogado. No processo, Dr. Ginsberg descreve que John Snowball mandou Brengle "vedar os olhos" e mandou o enfermeiro da ITF que "enfiasse logo a agulha" na tenista. Neste procedimento, o sangue da norte-americana foi retirado de uma veia no pé e por consequência ela perdeu a sensibilidade do pé ao joelho.
Pela situação na Austrália, Brengle reportou a administração da ITF, com fotos das pernas inchadas após o procedimento, e teve como resposta que as consequências clínicas se deram por seu "comportamento" durante o exame e que a ITF já estudava "sancioná-la" por sua conduta recorrente, que inclui um episódio em Wimbledon em que se recusou a fazer o exame.
O processo reporta situações ocorridas em 2009 e em 2016, ano em que conseguiu o diagnóstico da doença.
"Trago a conhecimento público para que aqueles que controlam o esporte que amo entendam que nós os atletas não somos produtos e deveríamos ser tratados com dignidade e respeito. Nós, os tenistas, devemos ser escutados quando nossa saúde e segurança estão envolvidos. O tratamento e o abuso ao que fui submetida não devem ser tolerados", falou em comunicado a tenista.