O blog Saque e Voleio publicou a denúncia feita pela paulistana Laura Pigossi, atual número dois do Brasil e 398ª do mundo, relatando que foi desconvocada da equipe da Fed Cup em 2015 por ordem do então presidente da CBT, Jorge Lacerda, e excluída de programas de apoio.
A denuncia de Laura ao Blog relata que ela foi literalmente desconvocada da disputa contra o México em San Luis Potosí após sua mãe, ao conversar com uma amiga, comentar as denúncias à época em voga na imprensa nacional a respeito de irregularidades da gestão de Lacerda. Os comentário chegaram aos ouvido do mandatário do tênis brasileiro, que unilateralmente decidiu pela desconvocação da paulistana.
A história de Pigossi foi confirmada pela então superintendente da Confederação Brasileira de Tênis (CBT), Paula Moriguti.
"A menina já tinha recebido [a convocação], e eu tive que ligar dizendo que ela não ia mais…” “Eu falei com o Renato Messias [técnico de Laura na época]. O que está acontecendo é o seguinte: vocês estão falando mal do Jorge pelos motivos de vocês, mas o presidente da CBT é ele, e vocês têm um contrato de apoio com os Correios. Não pode ficar falando mal do cara. Se tem alguma coisa de errado, fala para a gente. Chegou no ouvido do cara, o cara ficou puto e cortou a parada de vocês. A verdade é essa”, disse Moriguti ao blog. “O Jorge estava muito puto. Aí ligou a mãe da Laura. Eu fiquei uns 45 minutos com ela no telefone, explicando. Ela disse que não falou, que algo tinha sido mal interpretado, mas eu disse ‘não sei o que vocês comentaram, eu só recebi ordens de cima para isso.’”
Ainda segunda a ex-superintendente desde então, Pigossi não"ganhou mais nada" da CBT, pouco tempo depois tenista teve seu contrato de apoio, vindo do patrocínio dos Correios, foi reincidido com base na informação de a queda no ranking da tenista a colocar fora dos "padrões de alto rendimento" da entidade. Laura Pigossi também não fez mais parte do programa do Governo Federal, via Ministério dos Esportes, Bolsa Atleta, já que a seleção do ME é feita com base em listas de atletas repassados pelas confederações.
Carla Tiene, então capitã do Brasil na Fed Cup, confirmou ao Blog a retirada de Pigossi da equipe. Entretanto, disse que só foi solicitada porque a tenista viajaria com número cinco da equipe, ou seja, reserva. Tiene disse que esta foi a única interferência de Lacerda em seu trabalho e que se fosse titular o ex-presidente lhe garantiu que não a tiraria do time.
O atual capitão do Brasil, Fernando Roese, também foi procurado pelo Blog e também por telefone revelou que sequer cogitou levar a número dois do país e que não chegou a conversar com ela, porque sabia que há um "problema" entre "ela e a CBT".
Pigossi declarou ao blog que deseja defender o Brasil, principalmente ao perceber que pode fazer alguma diferença. Além disso, a paulistana segue esperando uma explicação da CBT: "Que pelo menos eu tenha a possibilidade de mudar o que a eles, provavelmente, não agrada. Eu não sei o que eu fiz. Sempre fui muito trabalhadora, muito na minha, com muita garra. Amo o que eu faço e não acho justo. Acho que se você cai no ranking, eles não têm obrigação de te chamar. Podem escolher outras. Mas se você está #1 de duplas, acabando de fazer a semifinal de um WTA [em 2016, Pigossi fez semifinal no WTA de Rabat], e #2 de simples, acho que no mínimo você deve receber uma explicação, sabe?”.
Procurada, a CBT disse que a convocação é de responsabilidade Roese, que "possuí autonomia para tal". O atual presidente Rafael Westrupp nunca recebeu contato do atual treinador de Pigossi e que a responsabilidade da "CBT apenas indica a relação de torneios que servirão de balizamento para o programa. A elegibilidade dos atletas é definida pelo Ministério do Esporte, sem qualquer interferência" da entidade.
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