Por Ariane Ferreira - O presidente da Federação Paulista de Tênis (FPT), Luiz Balieiro, conversou com o Tênis News onde falou negou informações de que a federação estaria “quebrada” financeiramente, mas reconheceu queda na arrecadação.
De acordo com Balieiro, a Federação Paulista sofreu uma queda em arrecadação, fruto da crise financeira que se instalou no Brasil em 2014 e teve seus principais pontos de impacto entre o meio de 2015 e todo o ano de 2016. Funcionários de longa data foram demitidos e inclusive o website da federação ficou fora do ar por vários dias.
“Não é só a Federação Paulista, é toda a cadeia do tênis: é a CBT (Confederação Brasileira de Tênis), os clubes, as escolas, os professores, os materiais [esportivos]... Tudo”, declarou o presidente da Federação Paulista reeleito este ano em bate-papo por telefone.
Balieiro destacou que o fato da CBT ter perdido um patrocínio importante como o dos Correios [na casa de mais de R$ 8 milhões ao ano] não interfere no orçamento da FPT: “Não [interfere]. A CBT utilizava este valor basicamente para aportar o tênis juvenil e profissional. Obviamente deve afetar um juvenil paulista, mas a gente não recebe repasses da CBT, e não deste contrato com Correios. Esse corte vai afetar o trabalho da CBT nestas áreas aí que eu te falei”.
O presidente admite que a arrecadação da FPT caiu no decorrer de 2016. “Caiu entre 10 e 15%, seja no número de jogos realizados por nós, torneios e filiados. Mas isso é normal em tempos de crise. As pessoas vão cortar suas prioridades. Por exemplo, os pais quando forem precisar cortar, vão preferir cortar o tênis do filho. Aí sofre o professor, o clube ou escola e a federação. Eles vão diminuir ou cortar as aulas, as participações em torneios, as viagens e a cadeia sofre... Mas é uma questão de prioridade e em tempos de crise isso é ‘normal’”, reflete.
Ao ser perguntado se a FPT está “quebrada”, Balieiro negou: “Não é verdade isso. A verdade é que estamos sim em um processo de adequação aos novos tempos, inclusive pela queda que já te falei antes. A federação trabalha com a estrutura de uma empresa normal. Ela tem funcionários e seus compromissos, salariais e de contratos. Como em qualquer empresa em momentos de crise estamos fazendo adaptações. Quebrando cabeça para melhorar estas adaptações. Nada que não estejamos vendo em todos os mercados em virtude da crise no Brasil”.
Balieiro faz questão de destacar que “está tudo andando” dentro da FPT e pontua: “Está tudo ‘super’ em dia. Nenhum compromisso descumprido. Até porque uma federação que trabalha com aporte de recursos, sejam eles do âmbito estadual ou federal precisa ter tudo rigorosamente em dia. Nós trabalhamos pra isso”, destaca.
O presidente da FPT revelou outro ponto que coloca pra baixo seus resultados. Trabalhando com leis de incentivo ao esporte pelo Governo do Estado, através da Secretaria Estadual dos Esportes, na arrecadação do ICMS, a FPT viu as possibilidades deste meio de arrecadação para realizar torneios cair.
“Não é um número correto, exato, mas, por exemplo, ano passado o Estado tinha R$ 80 milhões em aporte pela Lei de Incentivo. Este ano foi, vamos dizer, R$ 58 milhões e mesmo assim em julho já não era possível aportar nada. Nós mesmos fizemos um torneio este ano através desta Lei. Cai a arrecadação do Estado, cai o aporte por parte dele também. É uma cadeia econômica. É a crise no Brasil”, pontua Balieiro.
Apesar de não atuar na organização do ATP 250 Brasil Open, que é realizado anualmente em São Paulo desde 2012, a FPT é apoiadora do evento, que de acordo com Balieiro deve ocorrer sem grandes intercorrências: “Não posso te falar com detalhes, pois não os conheço, mas estive [recentemente] com os organizadores e eles disseram que vão conseguir fazer. Torço para que consigam, pois é um torneio importante e se perder um ATP é difícil recuperá-lo, mas eles mostraram-se muito positivos com isso e creio que o torneio ocorrerá sem problemas”.
Luiz Fernando Balieiro está positivo quanto a recuperação do mercado brasileiro e por consequência de toda a cadeia esportiva. Ele destacou que a federação vai manter seu calendário em 2017. Além disso, revelou-se cheio de planos: “Estamos muito positivos. Já temos planos e vamos mudar toda a nossa plataforma de TI (tecnologia da informação) para fazer com que os nossos tenistas estejam ainda melhor informados. Conversamos com a empresa da nossa bola oficial, queremos que os paulistas joguem com as melhores bolas. Estamos trabalhando nisso e em mais coisas que surgirem para melhorar”, finalizou.