Atual campeão de Roland Garros, o suíço Stan Wawrinka, 4º do ranking, que foi campeão, ontem, do ATP 250 de Genebra, em casa, deu uma entrevista coletiva em que falou de sua expectativa para sua tentativa de defender o título, assim como daquilo que o caneco trouxe à sua vida, além da briga contra seus maiores concorrentes.
“Cheguei em Paris na noite passada e esta é a primeira vez que chego tarde [à cidade]. Não seria ruim estar aqui há alguns dias, treinando mas eu não tinha a cabeça em Roland Garros cedo demais. Estou tentando gastar o mínimo de energia antes do meu primeiro jogo. Joguei o suficiente recentemente. Sinto-me bem, meu tênis está aqui”.
Sobre a final da temporada passada, em que superou o quase imbatível sérvio Novak Djokovic, por 3x1, Wawrinka mostrou-se bastante surpreso.
“Em comparação à maneira como joguei e o que estava em jogo, foi a melhor partida da minha vida. Até surpreendi a mim mesmo, porque, no fim do segundo set, senti que estava começando a ficar cansado, fisicamente; eu estava sentindo dores em quase todos os lugares”
“Realmente pensei que não conseguiria manter o ritmo e me surpreendi com a maneira como terminei o quarto set [e o jogo], principalmente quando relaxei no backhand e simplesmente pus as bolas onde quis”, relatou, completando.
“Foi um sentimento de plenitude, daqueles que você raramente tem. Então, experimentar isso durante a final de um Grand Slam, contra o número 1 do mundo, que vinha varrendo todos que apareciam à sua frente por meses e meses... foi incrível! O tênis é um esporte extremo emocionalmente, tanto positiva quanto negativamente, e nada no mundo se compara ao momento em que você joga seu melhor [tênis] em um momento tão crucial”.
Falando das mudanças em sua vida causadas pela vitória em Paris, Stan disse que o título na cidade luz foi sua porta de entrada para a eternidade na história do tênis.
“Quando você ganha um Grand Slam, recebe mais reconhecimento e aceitação públicos, tanto de fãs do esporte quanto do público geral. Isso foi o que minha vitória no Australian Open [em 2014] trouxe. Mas vencer Roland Garros foi conquistar meu lugar na história do tênis. Apenas 29 jogadores antes de mim conseguiram vencer dois Grand Slams em suas carreiras [desde o início da Era Aberta]. De certa forma, é estranho para mim dizer que tenho, em meu nome, dois Grand Slams mais uma Copa Davis [2014, com o time suíço] e um ouro olímpico em duplas [com Roger Federer, em Pequim-2008]. Nunca esperei alcançar isso na carreira. Nunca esperei ser bom a esse ponto”.
No entanto, apesar de ser um excelente tenista, Stan não considera estar no nível do ‘big four’ – os quatro melhores jogadores do mundo, há muitos anos, na opinião dos analistas -, mas faz a ressalva de que pode batê-los a qualquer momento. “Roger Federer, Rafael Nadal, Novak Djokovic e Andy Murray deixaram sua marca na história nos últimos dez anos. Eles ganharam tudo, você não pode contestar isso. Não é um complexo de inferioridade, eu só sei qual é o meu lugar. Sou o número 4 no ranking, então, obviamente, um dos quatro cair no ranking [no caso, Rafael Nadal, 5º da lista]. Mas eles receberam esse apelido devido àquilo que alcançaram. É parte da história que [eles] compartilharam e você não pode reescrever a história”.
“Não estou tentando ser parte do grupo [deles]. Estou no top 3 ou 4 há dois anos. Durante esse tempo, venci dois Grand Slams; Nadal venceu [no mesmo espaço de tempo] um [Grand Slam], Federer e Murray [venceram] nenhum e Djokovic papou todo o resto. Meu lugar é lá [no alto], mas não tenho a intenção de mexer com essa lenda [do big four]. Não sou do big four, mas sei que posso vencer qualquer um deles nos grandes torneios. E sei disso por experiência, porque já o fiz”.
Por fim, o suíço comentou seus altos e baixos, elogiando sua postura nos momentos decisivos, mas lamentando os deslizes que de vez em quando comete.
“Definitivamente subi de nível desde 2014 [ano em que venceu o Australian Open, seu primeiro Grand Slam]. Quando pego embalo e venço muitos jogos em um torneio, dificilmente jogo uma partida ruim. Para ser honesto, acho que nunca jogarei mal numa final, porque, se chego tão longe, estou cheio de confiança em meu jogo, certo de que posso ir muito bem. Em geral, não me assusto em momento assim [decisivos]. Por outro lado, sei que posso sofrer nas rodadas iniciais, mesmo que aconteça menos [em comparação à antes], pois aprendi a vencer mesmo quando estou jogando mal”.