Por Fabrizio Gallas - Em entrevista ao Tênis News realizada durante o Sul-Americano no Rio de Janeiro, Jorge Lacerda respondeu a Larri Passos que criticou o tênis brasileiro, pedindo a saída como presidente da Confederação Brasileira de Tênis.
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Durante a entrevista ao jornal Diário de Canoas, da cidade gaúcha, Larri disse ainda estar de mudança para os Estados Unidos, deixando o tênis brasileiro onde ainda possui uma academia em Camboriú, mas que tocará de fora do país.
Em março de 2015, durante a Copa Davis em Buenos Aires, Jorge disse ao Tênis News que deixaria o cargo nas eleições do começo de 2017, em abril. Nesta semana ele comentou que a tendência é que saía, mas deixou no ar uma hipótese de permanecer.
Confira o bate-papo:
Tênis News - Como estão as conversas para ter o local como o Centro de Treinamento da CBT ? Na época do evento-teste (em dezembro) me disse que teria outras conversas com o Eduardo Paes.
Jorge Lacerda - Apresentamos o projeto pro prefeito, governo do estado, governo federal, ministro do esporte, estive conversando com o Joaquim de Carvalho que é da empresa olímpica. Eles fizeram um chamamento público pra empresas que tivessem interesse dentro do projeto global do centro, fazer uma concessão direta. Eles nos disseram que tem total interesse que a CBT utilize o local dentro do projeto que apresentamos, só que a definição só sai mais próximo das Olimpíadas, não sabemos ainda se esse chamamento ficará como uma concorrência pública, mas estamos ali, sempre em conversa. Bater o martelo só depois das Olimpíadas. Que eu saiba ninguém entrou na disputa.
TN - Vi na Folha de SP que os Correios cortaram verba de 10% nos contratos dos esportes que patrocina. Vocês tiveram esse corte também ? Como está o andamento da renovação do contrato ?
JL - Em fevereiro chamaram, fizeram uma conversa. Não é um corte de verba específico, mas refizermos o projeto cortando algumas coisas pra encaixar. Por exemplo, nesse ano tiramos o apoio ao Seniors, reformulamos o regulamento dando mais inscrições pros organizadores o que é interessante pra eles. Tiramos uma etapa do Circuito Correios que seria em agosto com Olimpíadas, algo que não prejudicou, conseguimos moldar.
TN - E com o desenvolvimento, apoio ao tênis juvenil com incentivo, passagens ? E aos atletas que os Correios tem patrocínio ?
JL - Continua tudo igual até porque usamos a Lei Agnelo Piva com passagens, alimentação. Continua vida normal.Estamos montando proposta que já temos, só que com algumas reformulações. Correios que chama pra conversar, só que eles estão esperando pra ver o que vai ocorrer nos próximos 30, 40 dias. Acredito que pro fim de maio, junho devemos estar tendo a primeira reunião. Nos últimos quatro anos usamos mesmo contrato, só com renovação, sem contrato novo. Não sei como será agora, mas vamos trabalhar na ideia de renovação. O pessoal que está lá demonstra total interesse em renovar, não acho que terá muito problema. Agora essa parte política realmente pode mudar do dia pra noite todo mundo, Ministério do Esporte, Ministério da Comunicação que controla os Correios e o presidente dos Correios.
TN - E aí gera uma preocupação essa crise e mudança, não é ?
JL - Sim. Saiu no jornal que o Marco Antônio Cabral, do PMDB, é cotado pra assumir o Ministério do Esporte caso o Temer entre, não sei se é verdade. É esperar, esse momento político do Brasil é complicado. Na verdade todo ano de renovação é complicado, tem essa carga de preocupação no sentido de renovar pois é bastante importante pra Confederação.
TN - Deve ter visto uma entrevista do Larri Passos pro Diário de Canoas. O que o senhor achou dele ter falado que estava se mudando pros Estados Unidos e que estava na hora do senhor sair pelas investigações que enfrentou, enfrenta ?
JL - No meu entendimento há uns dois, três anos ele já tinha ido embora pra China, depois EUA, não estou tendo mais contato com ele, cada um pode ter a opinião que quer. Estamos vendo o quanto nosso tênis desenvolveu, isso não precisa nem procurar muito. Sobre investigação deixei mais transparente, claro sobre isso. A mesma pessoa fez todas as denúncias sobre a mesma coisa, o evento do Dácio Campos e o projeto olímpico que ele participou e ganhou bem naquela época...
TN - Quanto ele ganhava ? Escutei que era algo em torno dos R$ 30 mil / mês ?
JL - Ele e academia dava mais de 60 mil por mês. Não dá pra reclamar.
TN - Fica triste ao ouvir isso ?
JL - Não...nada mais entristece. Cada um tem sua opinião e tudo é vinculado a situação que vive no momento. Se o cara estivesse com vários jogadores, viajando o mundo, fazendo tenista, não ia ter tempo de ficar falando. O cara, que tá tendo tempo pra falar isso, não sabe nem pra onde está indo ainda, um cara que já teve o número 1 do mundo, tá sem treinar ninguém há quanto tempo ?
TN - Está treinando a Paszek... (confirmamos horas depois que Tamira não treinava mais com Larri desde o fim do ano passado)
JL - Qual o ranking dela ?
TN - Não estava tão bem ultimamente...(ranking 124 na WTA)
JL - Fico com pena, o cara que poderia estar trabalhando com jogadores de ponta, o tênis evoluiu muito e quem não entrou nessa evolução, ficou pra trás. Precisa estar dia a dia no circuito, fazendo cursos. Hoje em dia a parte física é muito importante e sempre foi o ponto fraco dele. Essa parte física estamos dando muita ênfase hoje, levando preparadores com as equipes. O que temos que fazer é continuar trabalhando. E a saída minha ou não é eleição que é ano que vem...
TN - Entrevistei o senhor durante a Copa Davis em março do ano passado e me disseste que sairia em 2017. Mudou algo ?
JL - Não mudou nada, a tendência é que saia. Agora não gosto de ficar falando em saída no meio do mandato, parece que para tudo pra discutir se vai sair ou não. Tem uma Assembleia que pode ser feita até abril de 2017 e que vai ter uma eleição e a tendência é que eu saía. Legalmente eu poderia ficar. Até porque o Carlos Nuzman está indo pra reeleição, recebi de quatro, cinco presidentes de confederações no grupo de whatsapp de presidentes de confederação que foram reeleitos, vôlei foi uma, atletismo, duas ou três...a tendência é que saía, mas...
TN - Por que o senhor fala tendência ? Deu uma cansada ? Dar oportunidade pra outro ?
JL - Tudo é momento, o grupo está bastante unido. Minha preocupação é sequência dos trabalhos, renovar contrato com os Correios, o projeto do CT Olímpico,isso tenho que fazer até dezembro, renovação Correios até setembro. Daí no período quadrimestral do início do ano que vem, como manda a lei, vamos pensar sobre eleição. Depois de 2008 com entradas dos Correios, demos um salto. Não tem nenhum país do mundo que invista em jogador depois do juvenil como fazemos. Austrália é que tem uma equipe que consegue passar um pouco dos 18 anos.