Após mais um título, Djokovic falou com a imprensa. Lá, estiveram os assuntos comuns: o jogo, o título, o carinho da torcida. Mas ele também falou sobre carreira política e uma 'descoberta' importante para manter-se em alto nível.
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“Comecei a partida muito bem, como fiz contra Roger [Federer], sem fazer muitas coisas erradas. Fui bastante agressivo e joguei da maneira como queria, contra ele, executando o plano de jogo perfeitamente por um set e meio”.
“No segundo set, consegui a quebra. Senti ele pouco agressivo do fundo da quadra, o que me deu condições para controlar o jogo, os ralis. Tive mais tempo. Então, ele começou a sacar melhor, voltou para o jogo. O segundo e o terceiro sets foram decididos em poucas bolas. Penso que poderia ter sacado melhor quando tive um break acima, nos dois últimos sets. Mas tenho que dar crédito a ele por ter lutado e mostrado por que é um dos melhores jogadores do mundo”.
Sobre Murray, ele disse que sentiu bastante dificuldade nos dois últimos sets. “Ele definitivamente me fez correr; foram muitos longos ralis, longas trocar. Estávamos, os dois, bastante ofegantes, ao final do segundo e terceiro sets. Mas isso é o que você espera de um jogo como esse”.
“Eu sabia que, jogando contra Andy [Murray], teria que ser paciente e construir o pont. É claro, tentando tomar a iniciativa e ser mais agressivo. Não foi possível em todas as vezes, porque ele mudava a tática e começou a jogar melhor na terceira parcial, mas, nos pontos importantes, eu consegui achar um jeito”, completou, sobre o escocês.
Falando sobre a grande recepção que teve na parte externa da Rod Laver Arena, Djokovic confirmou que foi a maior de sua história no Grand Slam australiano. Ele disse que tinha ganhado o troféu outras cinco vezes, mas nunca havia sido recebido daquela forma.
Em seguida, ele foi perguntado se tem aspirações políticas, já que fãs sérvios disseram que, caso Djokovic concorresse à Presidência da Sérvia, “todos votariam nele”. “Não. Sou um atleta. Tenho que continuar fazendo o que faço”, respondeu, sucinto, o tenista de Belgrado.
Depois, o número um afirmou que o título deste domingo tem uma importância especial para ele, porque o coloca ao lado de alguns dos maiores tenistas da história. “Todo título de Grand Slam é importante. O daqui tem significado especial, com certeza. Consegui fazer história e igualar os seis títulos de Roy Emerson no torneio, e estou muito honrado de ser mencionado junto a lendas do tênis, como Bjorn Borg e Rod Laver, ganhar tantos Grand Slams quanto eles [Nota da Redação: 11]”.
“Não posso mentir e dizer que não pensava nisso; é claro que estava num canto da minha cabeça. Entrando na quadra, eu sabia que tinha a chance de fazer história, e isso serviu como motivação para eu jogar meu melhor. Tentei não pensar muito sobre, mas estava lá, em forma de encorajamento, um feedback positivo e um objetivo”.
Falando do segredo da longevidade em um nível tão elevado, Nole foi pragmático. “São muitos anos de compromisso, trabalho duro, sacrifícios e dedicação; não apenas aos treinos, às coisas que envolvem o tênis; também ao estilo de vida. Tentar dedicar o máximo de tempo, energia e pensamento a fazer de si a melhor pessoa e o melhor jogador possível”.
Depois, porém, deu um depoimento bastante interessante e falou de uma ‘descoberta’ dos últimos anos de carreira. “Tem uma coisa que descobri nos anos anteriores da minha carreira: você não pode separar o lado profissional do pessoal. É a mesma pessoa. Então, todas as emoções que estão presas, que ocorrem na
vida privada, os problemas, você tem que trabalhar neles, precisa achar uma solução. Encará-los, resolver esses problemas particulares em nome de maximizar seu potencial como jogador.”
“Afinal, nessas partidas que são decididas por bem pouco, que te desafiam em cada aspecto da existência, se há algo encoberto, será revelado e jogará contra você. Será seu pior inimigo. Estou sendo bem franco, neste momento, falando da minha própria experiência. Claro, todos são diferentes, isso não é uma fórmula para o sucesso. Só estou dizendo que isso é algo que me ajudou a melhor e evoluir”.
Tentando explicar por que ele nunca perde finais no Australian Open – são seis vitórias em seis jogos -, ele falou de seu amor pelo torneio. “É muito especial [a relação entre ele e o Australian Open]. Por isso, beijei a quadra. Tenho um relacionamento amoroso com a Rod Laver Arena há muitos anos e espero que dure bastante tempo”.
Depois de citar uma metáfora – ‘é mais fácil para o lobo que está subindo a montanha do que para aquele que está no topo. Quer dizer, não é mais fácil, mas ele está com mais fome do que o lobo lá em cima’ – com a qual quis dizer que os adversários vêm com tudo e ele tem que continuar, sempre, ‘seguindo a mesma rotina de trabalho, melhorando seu jogo, sendo mais forte tecnicamente, taticamente e mentalmente, respeitando os oponentes e colegas de profissão, sem dar margem para pensamentos soberbos’, o melhor jogador do mundo foi perguntado ‘com quanta fome o lobo está para ir a Paris’ [referindo-se a Roland Garros, único Grand Slam que Djokovic ainda não conquistou, ele respondeu com mais uma metáfora. “Muito faminto. Mas o lobo precisa comer muitas refeições antes de chegar a Paris [ou seja, jogar muitos outros torneios antes do Grand Slam]. Paris é a sobremesa”, finalizou, com chave de ouro, o seis vezes campeão no Melbourne Park.