Após perder novamente para Novak Djokovic em um Grand Slam, Roger Federer não mostrou-se abalado pela derrota: deu méritos ao adversário, analisou o jogo e disse ter muita gasolina no tanque para buscar o 18º Grand Slam da carreira.
Perguntado se a parada para o fechamento do teto retrátil atrapalhou a ele, já que o suíço vinha em seu melhor momento do jogo e acabara de vencer o terceiro set, ele não soube precisar. “Sim, sim. Quer dizer, talvez. Mas não acho que esse foi o momento em que o jogo se decidiu, para ser bem honesto. A partida estava muito dura, mesmo eu tendo vencido o terceiro set. Mas, talvez, a continuidade do meu momento, vindo do terceiro set, ajudasse. Fomos avisados, com antecedência, de que isso poderia acontecer [o fechamento da cobertura], então tudo bem”.
Com a partida de hoje sendo o 45º confronto entre os dois – agora, Djokovic lidera o retrospecto pela primeira vez, com 23x22 – Federer foi perguntado ‘quão bons foram os dois primeiros sets’ do sérvio – Djokovic não deu chances ao suíço e fez 6/1 e 6/2, em apenas 54 minutos. “Eu já o vi jogar assim outras vezes. Hoje, foi difícil, porque isso veio desde o início, e você tem que, obviamente, tentar estancar esse sangramento em algum momento. Ele devolve tão bem quanto Andre Agassi e pode ganhar um ou dois sets num estalar de dedos, e esses sets passam muito rapidamente”.
“Em 45 minutos, muito tênis foi jogado, antes de eu poder fazer qualquer coisa, entende? É difícil voltar a um jogo assim, mas eu consegui. Joguei melhor, fui capaz de ‘fazer um jogo’ [Nota da Redação: obviamente, foi uma metáfora de Federer. Ele quis dizer que, nos dois primeiros sets, ‘não estava dando jogo’ porque Djokovic não estava deixando], o que foi ótimo. Mas, ainda sim, estou decepcionado por que as coisas não foram melhores, hoje”, disse o sincero Federer.
Ele ainda disse “não ligar se perde um set por 6/1 ou por 7/6”, já que esta foi apenas a segunda vez em que perdeu um set para Novak por 6/1, mas que se importa, realmente, com “a importância do primeiro set”, já que “Djokovic sempre jogou muito bem quando lidera, especialmente agora, quando é o número um e tem sua confiança lá em cima”. “Quando ele embala, é difícil parar”.
“Ele limpou seu jogo muito bem. Tudo que antes era um pouco instável, agora não é mais. Seu saque é parte disso. Ele tinha problemas com duplas faltas, mas agora [o serviço] é muito preciso, e isso é muito importante para jogadores que, como eu e ele, não sacam a 225 ou 235km/h. Deve-se ter muita estabilidade, colocação e tudo mais”, completou sobre o sérvio, quando indagado sobre o ‘impecável’ serviço de Nole na noite de hoje.
Falando de si mesmo, o tenista da Basileia mostrou resignação. “É claro que eu queria ir bem. Eu tinha um plano de jogo. É claro que eu tinha ideias sobre o que deveria fazer, só não consegui pôr em prática. Talvez, partes do meu jogo e partes do jogo dele combinaram-se em uma dura mistura [para Federer] e o primeiro set foi embora muito rapidamente [22 minutos]”.
Sobre ainda ter chances de vencer o número um do mundo em um Grand Slam, em partida melhor de cinco sets, o 3º melhor do planeta mostrou que acredita em si mesmo. “Eu tenho confiança, ela não vai embora rapidamente. Sei que não é fácil, nunca pensei que seria”.
“Mas eu não sei. Melhor de três ou de cinco [sets], eu posso correr por quatro ou cinco horas, isso não é um problema. Provo isso na pré temporada, quando não fico cansado. Então, dito isso, não tenho medo de longos ralis. Eu sei que vocês [jornalistas] duvidam disso porque pensam que estou velho e tudo mais, mas não é um problema para mim. Não me assusta jogar contra nenhum jogador no auge de sua forma, mas é claro que você sempre tem que provar a si mesmo [que é capaz]. É decepcionante [não conseguir ganhar], mas, ao mesmo tempo, estou longe em Grand Slams. Penso que tive uma chave difícil aqui, então, na verdade, estou muito satisfeito de estar em um alto nível, no começo da temporada”.
“Novak é a referência para todos, no momento. E ele foi o único cara que conseguiu me parar nos últimos tempos, além de Stan [Wawrinka], claro, em Roland Garros, quando ele estava jogando demais. Queria ter jogado um pouco melhor hoje, quem sabe o que poderia ter acontecido?”, disse o confiante Federer.
Por fim, o suíço irritou-se com um jornalista que afirmou ‘não exisitirem mais Nadals ou Federers nos próximos três anos’, e, partindo disso, perguntou a ele se achava que Djokovic seria tão dominante quanto foi o ex número um em seu auge, nos anos de 2004-2007. “Você tem que tomar cuidado com a forma de fazer uma pergunta. Não queira ser rude com os outros jogadores, porque você tem que encará-los [em coletivas]. Eu não tenho que encará-los e não faço perguntas idiotas como essa”, retrucou.
“Acho que há muitos jogadores ótimos no circuito, e deve-se lembrar que é muito difícil manter-se no nível em que Djokovic está jogando. O que ele vem fazendo é sensacional. Todos nós, eu, Rafa, Novak, Stan e qualquer outro, estamos muito felizes pelo que estamos fazendo em nossas carreiras”.