Decidida a se retirar do tênis profissional desde agosto, a italiana Flavia Pennetta vive o turbilhão de ter vencido um título de Grand Slam, o US Open no inicio de setembro, a pressão por seguir competindo e o sonho de ser mãe.
Aos 33 anos, Pennetta concedeu uma entrevista ao jornal espanhol El Mundo, dias antes de viajar à China, onde disputa, em teoria, seu penúltimo torneio como profissional. A italiana, que vive no país ibérico, falou de diversos temas, relembrou dos tempos em que dividia apartamento com Roberta Vinci, sua rival na final do US Open, em Roma entre os 14 e 18 anos e que se preocupavam em colar 'pôsteres' do ator Leonardo DiCaprio nas paredes.
"Nos falamos (Pennetta e Vinci) todos os dias, mas nenhum palavra de tênis. É chato! Acima de tudo falo eu. Ela é mais pensativa e eu extrovertida. Há um equilíbrio. Quando éramos meninas ela já me aturava, forrava todas as paredes com pôsteres do Leonardo DiCaprio", conta Flavia que disse a amiga "me perdoa" assim que conquistou seu último ponto na final em Nova York. Ponto do qual revelou, em outra resposta, não se lembrar, apesar de recordar-se de quase tudo do torneio.
Pennetta comentou que nos tempos de juvenil e no inicio da carreira demorou a se destacar das demais, pois "perdia muito" e em 2002, aos 20 anos, começou a temporada como 292ª do ranking e prometeu a si mesma que se não o terminasse como top 100 desistiria de ser profissional. 'Acabei como 95ª'.
Sobre sua carreira a italiana disse ter sido completa: Com seus altos e baixos, minha carreira foi completa. Em 2009 e 2010 fui top 10, ganhei quatro Fed Cups. Fui feliz no tênis", declarou ela que disse que hoje sente que é muito difícil competir, viajar e estar sozinha: "Não aguento mais um ritmo, além disso, sinto que preciso de uma casam de estar tranquila em casa três meses seguidos. É duro viajar tanto: voos longos, dormir sozinha... Visitei tantas vezes cidades que sequer nunca as vi", comentou.
Pennetta revelou que tem sido "pressionada" para seguir competindo, já que é uma das poucas atletas já garantidas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro: "O Comitê Olímpico Italiano me pede que vá aos Jogos do Rio. 'São só seis meses', me dizem, mas parece uma eternidade pra mim. Há 1% de possibilidade que eu siga, se consigo ficar três meses em casa e me encho, seguirei".
A italiana contou à reportagem que tem outros projetos de vida: "Gostaria de ser mãe. Já não sou tão jovem e é algo que aprecio, como qualquer mulher".
Pennetta, que anos atrás, usou a imprensa para falar de machismo no tênis comentou quais mudanças viu no esporte: "Conseguimos algumas cosas, igualar todas as premiações, mais atenção da mídia... Mas segue existindo diferenças: os patrocinadores pagam mais a um homem top 20 do que a uma mulher top 10. O machismo se mantém no tênis e na sociedade", disparou ela que também comentou a mudança do jeito de jogar: "Esta é a evolução: cada vez as mulheres são mais altas e pegam mais pesado na bola. O talento já importa menos. Se pode ver no tênis masculino, com tantos grandes sacadores, está perdendo o atrativo".