Por Gustavo Loio - Mais jovem tenista, na história, a conquistar Grand Slams em três pisos diferentes, aos 21 anos e 35 dias, Carlos Alcaraz alcançou outras marcas incríveis com o troféu erguido no domingo, em Roland Garros.
E comparar o mais recente feito desse fenômeno com alguns números do Big 3 (formado pelo sérvio Novak Djokovic, pelo espanhol Rafael Nadal e pelo suíço Roger Federer) nos dá uma dimensão do quanto o novo campeão de Roland Garros impressiona, apesar de tão jovem.
Nem mesmo Djokovic, recordista de títulos em Grand Slams (24), se mostrou tão precoce quanto Alcaraz, também vencedor do US Open de 2022 e de Wimbledon, ano passado. Com a idade do jovem espanhol, o tenista sérvio tinha conquistado um Major: o Aberto da Austrália de 2008.
De janeiro de 2009 até domingo passado, Nadal era o mais jovem a ter triunfado em três pisos diferentes em Majors. Graças à vitória épica sobre Federer na decisão do Aberto da Austrália daquele ano (na premiação, o suíço não segurou as lágrimas, num momento marcante na rivalidade entre eles).
Federer, por sua vez, ergueu o primeiro Slam aos 22 anos: foi em Wimbledon, em 2003. Curiosamente, praticamente dois meses antes de o gênio suíço entrar para o hall dos campeões de Slam, Alcaraz nascia, no dia 5 de maio de 2003.
Alcaraz x Armada Espanhola
De volta à vice-liderança do ranking mundial, o fenômeno espanhol tem, agora, 14 troféus na carreira (incluindo os Slams, os mais importantes).
Entre todos os representantes da Armada Espanhola até hoje, apenas Rafael Nadal, aos 20 anos, em 2006, com o troféu do Masters 1000 de Monte Carlo, havia chegado mais jovem que Alcaraz às 14 conquistas.
Com o mais recente feito de Alcaraz, o tênis espanhol chegou ao 43º Slam . A lista de tenistas do país que foram protagonistas nesse nível de torneio tem 12 nomes: Nadal (22), Manolo Santana (4), Arantxa Sánchez Vicario (4), Carlitos (3), Bruguera (2), Muguruza (2), Gimeno (1), Orantes (1), Conchita Martínez (1), Moyá (1), Costa (1) e Ferrero (1). Pelo andar da carruagem, Alcaraz logo vai ultrapassar os 4 Slams de Manolo e Arantxa, ficando atrás apenas de Nadal nesse quesito.
Façanha à vista em Wimbledon
Com Wimbledon se aproximando, no final deste mês, Alcaraz pode se tornar apenas o sexto, na Era Aberta (desde 1968), a vencer, no mesmo ano, em Paris e na grama sagrada. Se bater mais essa marca, o ex-número 1 do mundo igualará os feitos do australiano Rod Laver, do sueco Bjorn Borg, além de Djokovic, Nadal e Federer. Nadal alcançou essa proeza em 2008, enquanto Federer fez o mesmo no ano seguinte, enquanto o sérvio entrou para esse seleto grupo em 2021.
1 a 1 com Djokovic em Slams
Djokovic, por sinal, só não repetiu o feito de ganhar Roland Garros e Wimbledon no mesmo ano, em 2023, por causa justamente de Alcaraz, seu algoz na eletrizante final na grama inglesa, vencida em cinco sets, frustrando o objetivo do sérvio, que tentava igualar os oito troféus de Federer no torneio britânico. Algumas semanas antes, foi o sérvio quem impediu que o jovem espanhol chegasse à primeira decisão de Roland Garros, derrotando-o na semifinal.
Aliás, no confronto direto, Djokovic e Alcaraz, além das partidas em Slams, que citei acima, também estão empatados em duelos em decisões. Enquanto o sérvio levou a melhor na decisão do Masters 1000 de Cincinnati, também em 2023, o espanhol deu o troco na épica final de Wimbledon, meses depois, no jogo mais importante até hoje entre ambos.
Já imaginaram se Djokovic e Alcaraz se reencontram na grama sagrada? O recordista de Slams x o maior talento da nova geração.
Seria incrível...
Sobre Gustavo Loio
Jornalista formado em 1999 e pós-graduado em Assessoria de Comunicação, já trabalhou com Gustavo Kuerten. E, também, nas redações da Infoglobo (O Globo, Extra e Época), do Diário Lance! e do Jornal O Dia, além do site oficial do Pan de 2007, no Rio.