Por Gustavo Loio - Aos 25 anos, Aryna Sabalenka é, no quase sempre imprevisível circuito feminino, o melhor exemplo de que a confiança faz toda diferença.
Até vencer o primeiro Grand Slam, no Aberto da Austrália, em 2023, essa habilidosa e carismática bielorrussa chamava a atenção por desperdiçar chances na reta final dos principais torneios. Tanto que, até então, ela somava três semifinais em Majors (em 2021 e 22, no US Open, e em Wimbledon, há três anos) e nenhuma vitória. Desde o primeiro troféu em Melbourne, em 23, a número 2 do mundo chegou, no mínimo, às semifinais de todos os quatro Slams. Ela parou a uma vitória da decisão em Roland Garros e Wimbledon e viu aamericana Coco Gauff erguer, no US Open, o primeiro troféu de Major. Bastante irritada com a derrota em três sets na final, a bielorrussa destruiu uma das raquetes no vestiário, em imagem que viralizou.
Mas as imagens de fúria de Sabalenka estão cada vez mais raras. E, desde a primeira conquista em Melbourne, sua postura cada vez mais confiante em quadra chama mais atenção do que o tigre que ela tem tatuado no antebraço esquerdo. O animal foi escolhido por representar sua agressividade em quadra. Tudo a ver.
Pois o Aberto da Austrália de 2024 foi coroado com o bicampeonato de Sabalenka, que, na decisão, não deu chances à talentosa chinesa Zheng, que disputava, pela primeira vez, uma final desse nível. No triunfo por 6-3 e 6-2, a bielorrussa só demonstrou algum nervosismo ao desperdiçar os primeiros três match-points no último game.
Sabalenka sobrou tanto neste ano, em Melbourne, que sequer perdeu set. A partida na qual teve mais trabalho foi dia de de Gauff, nas semifinais, quando ganhou por 7/6 e 6/4. Neste século, apenas outras quatro campeãs na Austrália não perderam sets: Serena Williams, em 2017, Lindsay Davenport (2000), Maria Sharapova (2008) e Ashleigh Barty (2022).
Na Era Aberta, desde 1968, apenas outras oito tenistas venceram em Melbourne dois anos seguidos: Margaret Court, Evonne Goolagong, Steffi Graf, Monica Seles, Martina Hingis, Jennifer Capriati, Serena Williams e Victoria Azarenka.
É muito bom ver uma tenista tão talentosa quanto Sabalenka cada vez mais confiante em quadra. Não quer dizer que vai ganhar sempre, claro. Mas tende a oferecer cada vez mais dificuldades às oponentes.
O circuito mundial agradece.
Sobre Gustavo Loio
Jornalista formado em 1999 e pós-graduado em Assessoria de Comunicação, já trabalhou com Gustavo Kuerten. E, também, nas redações da Infoglobo (O Globo, Extra e Época), do Diário Lance! e do Jornal O Dia, além do site oficial do Pan de 2007, no Rio.