A ucraniana Marta Kostyuk está nas oitavas de final do Australian Open, mas não tem muito o que comemorar já que seu país completará no prróximo mês de fevereiro dois anos de guerra, após ter sido invadida pela Rússia.
A situação da Ucrânia, que tem cidades importantes como Odessa, terra natal da tenista, tomada por tropas inimigas, e o silêncio do circuito incomodam Kostyuk.
"Infelizmente, as pessoas já se esqueceram da guerra. Respeito sempre os jornalistas, mas não gosto de alguns. Alguns usaram o tema para ser notícia de última hora o tempo todo, querem drama e alimentar assunto entre jogadoras. A guerra continua, há gente morrendo todos o dias, ainda não sei o que estamos fazendo aqui. O problema é que as pessoas se habituaram, mas nada mudou. Entendo que cada um tem os seus problemas, mas estou aqui para recordar sempre o que está ocorrendo", alertou ela, aproveitando que falou após a bielorrussa Aryna Sabalenka, que havia vencido outra ucraniana Lesia Tsurenko, e foi questionada por um jornalista sobre não ter sido cumpimentada pela adversária ao fim da partida. Sabalenka tentou evitar polêmica e agradeceu Tsurenko por ter sido respeitosa com ela.
Kostyuk foi questionada sobre sua família na Ucrânia e afirmou: "Toda a minha família está em Kiev neste momento. A minha mãe envia vídeos quando há mísseis voando por cima da casa dela. É incrível que isto continue acontecendo quase dois anos depois. Sinto que o mundo todo olhou para outro lado, vejo que o Ocidente tenta silenciar tudo, falar menos do tema, mas a guerra está muito longe de terminar. Não estamos em uma boa situação, é uma guerra terrível e desigual. Estamos em modo de sobrevivência, as pessoas estão deprimidas e cansadas, há alguém por trás de tudo isto que está se beneficiando muito".
A tenista ainda reclamou de incompreensão por parte da colegas de circuito: "No fim do dia olho à minha volta e sinto que tudo isto não importa muito, é só um jogo de tênis, um torneio, a vida real está lá fora. Infelizmente, já não são notícias de última hora, já não interessa aos jornalistas. Chegou um ponto em que escolhi este caminho, sei que será muito difícil, mas vale a pena. As pessoas estão tomando decisões o tempo todo, mas aqui temos um problema porque não sinto que haja muita compreensão de quem nos rodeia. As pessoas estão manipuladas, os jogadores vão à Rússia disputar uma exibição a troco de muito dinheiro, mas no fim do dia não importa só o dinheiro. Não entendo estes jogadores, não sei por que fizeram isso"