O argentino Diego Schwartzman, atual 95 do mundo e ex-top 10, venceu batalha na estreia de Roland Garros nesta segunda-feira diante do cabeça de chave 32, o espanhol Bernabe Zapata, mas fez uma forte auto-crítica.
"Estou muito feliz com a vitória, obviamente. É importante voltar de cinco sets mais uma vez neste torneio, mas não acho que joguei o meu melhor. Felizmente, ele me deu algumas chances no terceiro e quarto sets, e consegui voltar ao jogo. Já vinha me sentindo um pouco melhor há algumas semanas e acho que se tivesse feito partidas menos complicadas nas primeiras rodadas dos torneios anteriores, poderia ter vencido uma partida. Hoje tudo que eu precisava foi dado, com um jogador que me deu muito ritmo, partida longa, intensa. Sei que posso passar muitas horas em quadra, só falta somar muitas partidas para recuperar a confiança. Depois de meses muito ruins, vi perdi dois sets contra um tenista que vive o melhor ano da carreira, então voltar atrás é ótimo", declarou antes de abordar com mais profundidade sua crise.
Questionado sobre o que está acontecendo para ter vivido esses meses negativos em termos de resultados, o argentino foi claro. "Durante este tempo, nem o nível de jogo necessário nem as vitórias contra rivais um pouco mais acessíveis foram dados. Honestamente, ainda não sei o que está acontecendo comigo, talvez eu descubra mais tarde. Tentei não olhar para culpar e manter a atitude correta. Acho que todos temos o direito de ter um ano ruim, mas acho difícil manter meu nível de intensidade e motivação quando os resultados não vêm. Vocês não imaginam o quanto eu treino e a forma como preparo cada torneio. É muito frustrante ver que isso não se concretiza na competição e que só faço perder jogos". avisou.
Schwartzman não vê viabilidade de manter o frescor mental por muito mais tempo se não voltar ao seu melhor nível.
"Tenho claro que não quero jogar por inércia. Neste momento, carrego um enorme desgaste mental no meu dia-a-dia e isso está a transparecer em campo. Venho terminando entre os 20 primeiros há muitos anos e não é fácil assumir esta situação agora. Considero que o que conquistei na minha carreira não tem o valor que merece e não quero que isso seja interpretado como uma perda de humildade, mas tenho claro que se não posso estar onde acredito que pertenço, terei que pensar muito no que faço. Se o tênis não me devolver tudo que dou diariamente, vai ser difícil para mim continuar", declarou o argentino, deixando todos os presentes em estado de choque.
"No caso de ter que montar um calendário diferente porque perdi muito ranking e não pude competir nas posições em que me sinto confortável, seria difícil para mim continuar na ativa. Um ano não acontece nada; assuma, continuo trabalhando tomo decisões e tento mudar as coisas. Mas não sou mais um bebê, tenho 31 anos e se isso durar mais uma temporada, acho difícil me segurar mentalmente", disse Diego Schwartzman com firmeza, que buscará continuar seu triunfo em Roland Garros contra o português Nuno Borges.