Quadra, raquete, bolinha, disputa a cada ponto, comemoração... As semelhanças são muitas. As diferenças, também. O Beach Tennis vive um ‘boom’ no Brasil. E a comparação com o tênis está sempre presente.
Mas, o que os dois esportes têm em comum ou não? É fácil migrar de um para o outro? Nada melhor do que um ex-tenista, hoje um dos melhores atletas do mundo de Beach Tennis, para responder. O catarinense André Baran é referência no Beach Tennis, número 1 do País e quarto colocado no ranking mundial, comemorando conquistas, no Brasil e no exterior.
No tênis, Baran foi treinado pelo técnico Larri Passos. E guarda na memória um momento de muita emoção: em 2008, formou dupla com Gustavo Kuerten, catarinense como ele, no torneio Brasil Open. Na época, sonhava com uma carreira de tenista como a do ídolo. Hoje, vitórias e títulos são realidade para Baran. No Beach Tennis. Atleta da seleção brasileira, conquistou medalhas de ouro nos Jogos Pan-Americanos, ouro e prata nos Jogos Mundiais de Praia de ANOC. Sem falar nos títulos no circuito, tanto no masculino como em duplas mistas, nos principais torneios do mundo, como Sand Series - considerado o Grand Slam do Beach Tennis - e BT 400.
Mais de 1 milhão de praticantes - André é destaque de um esporte que não para de crescer no País. O Brasil conta, atualmente, com mais de 1 milhão de praticantes e 30 mil quadras para a prática da modalidade. Seja com jogadores amadores, seja como profissionais, vem ocupando mais e mais espaço. Um levantamento dos números dos torneios oficiais da Federação Internacional de Tênis (ITF) ao redor do planeta aponta para um crescimento de mais de 2.000% do Beach Tennis no Brasil desde 2008, quando chegou por aqui.
“São esportes parecidos, sim, mas o Beach Tennis tem a sua própria cara. É diferente do tênis. A começar pela torcida. Eu acredito que o Beach Tennis está crescendo dessa forma muito por conta do público, que é muito participativo nos jogos. E essa diferença, realmente, faz o Beach Tennis ser mais popular, principalmente com o brasileiro, que gosta desse clima. Eu, particularmente, adoro jogar com torcida”, explica Baran.
Jogadores brasileiros são destaque no ranking mundial, no masculino e no feminino. O País é uma potência, que fica atrás, apenas da Itália, onde tudo começou. E que atrai atletas estrangeiros, que vieram morar e treinar no Brasil, por conta do calendário repleto de competições – o maior do mundo.
Hoje totalmente integrado ao Beach Tennis, Baran lembra que a migração de um esporte para outro exige adaptação, um passo a passo de muita dedicação. “A minha adaptação, na verdade, não foi fácil. Comecei já jogando no profissional. Mas, obviamente em um nível regional, depois estadual, e fui evoluindo”, lembra o catarinense.
Baran recorda que quando optou pelo Beach Tennis, as informações sobre o esporte eram poucas, não havia tantos jogadores. Então, buscou se espelhar nos atletas da época, no que podia fazer para evoluir, treinando bastante. “Até hoje estou em evolução. É constante. Nunca estamos prontos”, garante.
E aí vai uma dica fundamental para se adaptar ao novo esporte: muito treino e disciplina, o grande diferencial. Sempre buscando evoluir. Confira outras dicas de Baran:
- Uma das minhas maiores dificuldades nessa transição foi a raquete. A do tênis é de um tamanho totalmente diferente. Então, de início, ela se torna realmente mais difícil. Ponto de contato, noção de espaço. Um dos maiores desafios. Mas como todo esporte, tudo o que a gente faz na vida, quando tem constância, acabamos nos acostumando. Repetir, repetir, repetir. Treinar, treinar, treinar.
- Uma das grandes diferenças do Beach Tennis para o tênis é o tempo de reação. Como é um esporte que não pode ter kick, então ele se torna muito mais rápido. No tênis são golpes maiores e mais amplos. No Beach Tennis, é preciso encurtar os movimentos. Movimentos mais curtos, por conta de tempo de reação ser menor. Sempre golpes curtos e rápidos. Visando mais munheca e mais antebraço.
- Mas os golpes são bastante parecidos. Podemos nos espelhar em muita coisa. Um dos aspectos muito positivos do tênis para o Beach Tennis é o saque, as alavancas, que ganhamos para gerar potência.
- Tem também a parte do topspin, das variações de empunhadura. Esse domínio da raquete faz toda a diferença no Beach Tennis.
- E por ser um esporte muito rápido, é necessária a bola sem pressão, para que tenha uma jogabilidade, mais rali. Acabamos garantindo um pouco mais de toques, a bola fica mais maleável para o jogo. Então se torna mais atrativo.
- Um dos aspectos principais, também, é a mentalidade do tênis. Conseguindo transferir para o Beach Tennis, ajuda bastante no autoconhecimento.
Do tênis para o Beach Tennis - André Baran empunhou uma raquete pela primeira vez aos 4 anos. Dificuldades naturais da transição do juvenil para o profissional se apresentaram e, diante os obstáculos, Baran decidiu abandonar a vida de esportista aos 21 anos e ingressar no mundo corporativo. Foram cinco anos longe do esporte. O Beach Tennis entrou como hobby. Aos poucos, o espírito competitivo o levou aos torneios e os campeonatos trouxeram resultados. Hoje, aos 32 anos, disputa as principais competições do calendário e quer atuar além das quadras de areia, deixando um legado para o Beach Tennis no Brasil.