Lucas Pouille, ex-top 10, explicou, em entrevista para o jornal L´Equipe, os momentos obscuros que viveu em sua vida. Ele chegou ao fundo do poço, teve depressão e até jogou as raquetes no lixo.
“Comecei a ter um lado mais sombrio e entrei em uma depressão que me levou depois de Roland Garros, na Inglaterra, a dormir apenas uma hora à noite e beber sozinho. Trabalho muito, passo semanas inteiras treinando para que, no momento em que estiver pronto, quebre. Eu me encontrei no hospital em Nice por duas semanas em uma cama hiperbárica para me ajudar a curar mais rápido, cercado por cânceres terminais, moribundos e doentes...
E eu estou lá com uma pequena fratura na costela. Isso pode ajudá-lo a relativizar as coisas, mas me assustou muito. Eu não conseguia pregar o olho, estava afundando em algo sombrio. Eu acordava com os olhos saltando. Depois de uma semana sem dormir, joguei todas as minhas raquetes no lixo e perguntei à minha família: 'É normal para você que, aos 28 anos, sendo pai, que chore todas as noites no meu quarto de hotel toda vez que perco?'
Todas as manhãs me perguntavam se eu estava dormindo e eu mentia, dizendo que tinha alergia a carpete, pólen ou grama. Eu me tranquei, não falei com ninguém sobre isso. Eu não sou o cara mais falador. Eu estava em um lugar ruim e disse chega. Caso contrário, eu teria acabado no asilo. Pela minha saúde mental, tinha que parar, ia bater na parede. Ele não me respeitava como jogador. Eu não poderia mostrar aquela imagem de mim mesmo. O gatilho foi que, no meio da noite, recebi uma notificação no meu celular e vi uma foto da minha filha. Pensei: 'Não pode ser assim'”, explicou o tenista francês.
O tenista seguiu e tem objetivos ´para o ano que vem: "Foi muito interessante sair, parar de falar de tênis foi muito bom para minha cabeça. Embora eu percebesse que o tênis era minha vida, peguei a raquete novamente. Penso nos Jogos Olímpicos todos os dias. É o único evento do qual não participei. Estar nos Jogos de Paris será a experiência da minha vida. Eu quero tentar isso. Todos sabendo que o corpo poderia ceder novamente e seria o fim."