O ano é 2008. Na semana do aniversário de 17 anos, André Baran ganha o presente dos sonhos. Forma dupla com Gustavo Kuerten no torneio que marca sua despedida das quadras. Naquela época, o juvenil promissor sonhava com uma carreira profissional como a do ídolo, catarinense como ele.
As perspectivas se mostravam animadoras. O técnico, Larri Passos, era o mesmo. Dedicação e talento não faltavam. Apesar de tudo, não aconteceu. Perto de completar 15 anos daquele encontro, Baran tem tudo para seguir os passos Guga. Não do tênis, mas no beach tennis, modalidade na qual trabalha para deixar um legado.
Número um do Brasil e terceiro melhor atleta no ranking mundial de Beach Tennis, Baran é hoje uma referência na modalidade. O desempenho e os títulos comprovam. Para se tornar um ídolo nos moldes do que foi Gustavo Kuerten, ele persegue o posto de número um no ranking da Federação Internacional de Tênis (ITF). “Não tenho a pretensão de me comparar com o Gustavo Kuerten, um ídolo mundial. Mas tenho o propósito de chegar ao topo do ranking internacional e, com isso, ajudar a desenvolver o esporte nacional. Sigo os passos daqueles que vieram antes. Se o Guga provocou um boom de popularidade no tênis, no beach tennis estamos nesse processo, que começou com o Vini Font, que já foi número um do mundo”, afirma Baran.
Os resultados indicam que a rota de Baran se aproxima cada vez mais do topo. Dono de títulos mundiais, como Copa do Mundo de Beach Tennis, ouro e prata no Anoc World Beach Tennis, além de cinco conquistas pan-americanas – entre disputas de duplas masculinas e mistas –, o catarinense representou o Time Brasil BRB na Copa do Mundo de Beach Tennis, em novembro, no Rio de Janeiro, e conquistou o vice-campeonato, após os títulos nos anos de 2021, 2019, 2018 e 2013. Em dezembro, comemorou o título do BT 400 de Laguna. Antes, em setembro, conquistou o bicampeonato mundial de duplas mistas, na Itália, ao lado de Rafa Miiler.
Redescobrimento – Até descalçar os tênis e trocar as quadras de saibro pela areia, André Baran viveu uma longa trajetória no esporte. Empunhou uma raquete pela primeira vez aos 4 anos e a evolução do talento aliado ao trabalho o levou a treinar com Larri Passos, mentor de Guga, com quem teve a oportunidade de partilhar momentos no centro de treinamento em Camboriú (SC). Dificuldades naturais da transição do juvenil para o profissional se apresentaram e, diante os obstáculos, Baran decidiu abandonar a vida de esportista aos 21 anos de idade e ingressar no mundo corporativo.
O jovem empresário André Baran demorou quase cinco anos para trazer o atleta de volta à vida. O beach tennis entrou como hobby. Aos poucos, o espírito competitivo o levou aos torneios e os campeonatos trouxeram resultados. Havia um novo campo com possibilidades animadoras a serem exploradas e a paixão pelo esporte falou mais alto. Nascia o jogador de tênis de areia disposto a investir na carreira. Deu certo, mas ele precisou colocar em prática uma de suas maiores virtudes: nunca desistir perante as dificuldades. Sem ranking e patrocinadores, começou do zero, com uma raquete usada, participando de microrregionais e estaduais até, aos poucos, angariar vitórias. Com persistência, os resultados vieram.
A jornada como jogador profissional de beach tennis é ainda mais ampla para Baran. Mudou-se de Brusque, a cidade natal, para a mineira Uberlândia, onde onde foi contratado como atleta do Praia Clube. Também desenvolveu sua própria metodologia de ensino do esporte. A Andre Baran Academy tem dois núcleos, um na Sociedade Esportiva Bandeirante, em Santa Catarina, e outro no Praia Clube, em Minas Gerais. “Quero deixar um legado para a modalidade no Brasil”, completa.